domingo, 30 de março de 2014

O jeito é cerrar os dentes e atacar

Enquanto o World Tour estava dividido entre a última tirada da Volta à Catalunha e a Gent-Wevelgem, na Córsega disputava-se o final do Critérium Internacional, com uma mão cheia de portugueses: Tiago Machado, José Mendes, André Cardoso, Fábio Silvestre e José Gonçalves.

Desde que se mudou para a Córsega em 2010, o percurso tem andando sempre à volta do mesmo. Um dia com meia etapa entre os 70 e os 90 km de manhã e um crono de 7 km à tarde, e outro dia com chegada ao Col de l'Ospedale, uma subida bastante respeitável com 14 km a 6% mas que não chega aos mil metros. Apesar do percurso praticamente inalterável por cinco anos, tem sido sempre uma belíssima prova.

Não têm faltado estrelas na bela ilha da Córsega e os três anteriores vencedores do Criterium Internacional, Frank Schleck, Cadel Evans e Chris Froome, demonstram o prestígio e nível que esta costuma ter. Sobretudo no ano passado porque muitos ciclistas quiseram inspecionar as primeiras etapas do Tour, também elas com lugar na Córsega.

No mini-crono de ontem, Tiago Machado foi melhor português no 17º lugar e era o único que continuava a poder aspirar a uma boa classificação geral. O 32º lugar de José Mendes não era pronuncio de boa forma, a subida final de hoje estava longe de se adequar às características de Fábio Silvestre e José Gonçalves e André Cardoso perdeu mais de um minuto. 1'07'' perdidos em sete quilómetros é demasiado.

Alexis Vuillermoz já tinha sido muito importante para a vitória de Carlos Betancur no Paris-Nice e hoje foi o principal apoio de JC Péraud. Péraud partia como quarto na classificação geral e a aceleração de Vuillermoz sacudiu quem tinha que sacudir, deixando o seu chefe-de-fila como virtual camisola amarela. Com os dois da Ag2r ficou Frank Schleck, Rafal Majka, Mathias Frank, Tiago Machado e Eduardo Sepulveda, argentino muito talentoso que aos 22 anos vem dando muito boas indicações no começo de 2014.

Frank Schleck atacava fortíssimo e deixava Tiago Machado de dentes cerrados para não perder o contacto. Manda o manual do ciclista que, quando se está justo, se fique quieto e espere que os adversários estejam pior e acabem por ceder, mas Tiago Machado tem-los muito grandes para ficar quieto. Já dentro dos últimas quilómetros, foi o próprio português quem atacou.

Fez bem? Não fez? Quem não tenta, não ganha, e o português esperou que os seus adversários se distraíssem um pouco e lhe dessem alguns metros de vantagem que lhe permitissem chegar à vitória, num local em onde foi segundo em 2010.

Ninguém se distraiu com Machado e os ataques de Frank Schleck continuaram, sendo Majka, Peraud e Mathias Frank aqueles que melhor os aguentaram. O Tiago sofria para reentrar mas e, sempre com o esforço bem explícito no rosto, já dentro do último quilómetros acabou por ultrapassar Majka e Schleck para ser terceiro, ficando a dois segundos do suíço Mathias Frank, vencedor da etapa.

Depois de ser 4º no Tirreno-Adriático, Jean-Christophe Péraud foi o vencedor da classificação geral, com vantagem de um segundo sobre Frank e dezanove sobre Tiago Machado, que assim repetiu o terceiro posto final de 2010. Assim vai solidificando o seu lugar entre o nove da NetApp para a Volta a França. Majka, sétimo no último Giro, foi quarto. Frank Schleck, bem melhor que o irmão, foi sexto.

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Na Gent-Wevelgem, vitória de John Degenkolb com Arnaud Démare segundo e Peter Sagan terceiro. Com 25 anos cumpridos em janeiro, o alemão foi o mais velho de um pódio muito jovem. Domingo tempos Volta a Flandres e disso se falará durante a semana.

André Greipel poderá ter fraturado a clavícula.

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Na Volta à Catalunha, vitória de Purito Rodríguez com Alberto Contador segundo e Tejay Van Garderen terceiro. O mau tempo também foi protagonistas da prova. Em 2012 a etapa rainha foi suspensa a meio, em 2013 correu bem e este ano o frio mandou muita gente para casa e mereceu duras críticas por parte dos ciclistas. Mandar o pelotão para 2000m de altitude em março, é procurar problemas. O circuito final de Barcelona foi alterado à última hora para acalmar os protestos dos corredores e a transmissão televisiva parecia feita há 10 anos. A prova é World Tour.

Luka Mezgec, esloveno da Giant-Shimano, venceu três das sete etapas.

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