quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ciclistas a seguir no Tour 2015

Tiago Machado e Rui Costa à partida dos Nacionais, ciclistas a seguir no Tour
Depois da análise ao percurso da Volta a França que se avizinha, depois da análise aos quatro principais candidatos à camisola amarela, tempo para uma vista de olhos, em jeito de apresentação, sobre um leque mais alargado de ciclistas a seguir com interesse, incluindo os quatro portugueses.



Aspirantes a pódio e top-5

Tejay Van Garderen (BMC)
Apareceu como um contrarrelogista que se defendia na montanha e aos poucos foi evoluindo também neste terreno, algo que demonstrou no recente Critérium du Dauphiné, sendo segundo na classificação geral e estado muito próximo de Chris Froome nas chegadas em alto, inclusive melhor que o britânico na etapa de Pra Loup, no mesmo percurso em que se realizará a 17ª etapa deste Tour.
Foi quinto em 2012 e em 2014 e este ano poderá aspirar a algo melhor, inclusive ao pódio.

Alejandro Valverde (Movistar)
Em teoria é Nairo Quintana quem oferece maiores aspirações à Movistar, mas Alejandro Valverde não é do tipo de estar aqui como gregário sem segundas intenções nem a trabalhar para o colombiano se estiverem em situação idêntica na classificação geral. Caso Valverde consiga sair da primeira semana melhor que Quintana (com crono de Utrecht, Huy e pavés é provável), irá tentar resistir junto dos melhores nas primeiras chegadas em alto.

Thibaut Pinot (FDJ)
O terceiro lugar de 2014 foi obtido em condições especiais, com abandonos de dois dos principais favoritos à vitória final, mas Thibaut Pinot, que ainda só tem 25 anos, vem demonstrando um grande nível na presente temporada: 4º no Tirreno-Adriático, 2º no Critérium Internacional, 4º na Romandia e novamente 4º na Volta à Suíça, perdendo a camisola amarela no contrarrelógio final. Veremos se consegue manter o nível que tem demonstrado e graças a uma maior regularidade que os seus adversários poderá repetir o pódio de 2014.

Jean-Christophe Péraud e Romain Bardet (Ag2r)
A Ag2r apresenta aqui uma liderança bipartida entre ciclistas de gerações diferentes. JC Péraud foi segundo na última edição mas em 2015, agora com 38 anos, tem realizado uma temporada bastante apagada, com exceção do Critérium Internacional, onde venceu. Merece a menção sobretudo pelo que fez no ano passado.
Já Romain Bardet, sexto em 2014 e até muito próximo do final na luta pelo pódio, vem de um Dauphiné de grande nível, vencendo uma das etapas mais duras e com sexta posição final, que poderia ter sido algo melhor não fosse a queda no dia seguinte a custar-lhe precioso segundos.

Joaquim Rodríguez (Katusha)
Purito Rodriguez tem 36 anos mas tem dado sinais de que a idade não passa pelo seu rendimento desportivo: vitória de geral e duas etapas no País Basco, 4º na Flèche Wallonne e 3º na Liège-Bastogne-Liège. Não tem hipóteses de lutar pela vitória, mas parece capaz de lutar por um lugar entre os cinco melhores, aproveitando o percurso a favorecer trepadores.


Quadro de favoritos

*****
**** Froome, Nibali, Contador e Quintana
*** Van Garderen e Valverde
** Pinot, Bardet e Péraud

Portugueses

Rui Costa (Lampre)
Correu o Tour 2014 com a camisola de campeão do mundo e correrá o de 2015 com a camisola de campeão nacional, conquistada no domingo passado em Braga. Já inha a realizar uma temporada de muito bom nível, com os quartos postos no Paris-Nice, Amstel Gold Race e Liège-Bastogne-Liège em maior destaque, mas conseguiu elevar o nível em junho: terceiro no Critérium du Dauphiné, uma etapa e título nacional.

Rui Costa já demonstrou que pode estar próximo dos melhores nos contrarrelógios (que aqui será apenas um) e pode subir muito próximo dos melhores (mais importante neste Tour), mas ainda nunca esteve na discussão dos primeiros lugares de uma grande volta e é sobretudo isso que o separa dos supra citados. A regularidade será fundamental para o objetivo do agora campeão nacional, que passa por terminar entre os dez melhores da geral.

O maior apoio de Rui Costa na montanha poderá vir de Rafael Valls, mas o espanhol sabe o que lhe custou tornar-se trepador (28 anos) e, a julgar pelo que temos visto este ano, apenas trabalhará para o seu chefe-de-fila quando se sentir arredado da luta pelo top-10.

Tiago Machado (Katusha)
Tem realizado uma boa temporada, com destaque para o 3º lugar no Algarve, 4º no Circuito de La Sarthe, 2º na Volta à Baviera, vice-campeão de contrarrelógio e bronze na prova em linha. Só falta vencer.

À semelhança do que aconteceu nas Ardenas, o chefe-de-fila será Joaquim Rodríguez, que tem um incrível palmarés e elevadas ambições para este Tour. Mas aqui o favoritistmo de Purito é menor, o que deverá obrigar a um menor esforço da Katusha no controlo da corrida. Tiago Machado poderá ser o segundo melhor homem da equipa russa, mas a sua corrida dependerá de como começar a prova para ele e para o seu líder. Se Purito estiver tão azarado quanto no ano passado (sobretudo nas Ardenas e Giro), surge espaço para o minhoto.

Nelson Oliveira (Lampre)
Agora ("só") campeão nacional de contrarrelógio, Nelson Oliveira estará pelo segundo ano no Tour para trabalhar em prol de Rui Costa. Ele que deu boa mostra de si em algumas provas de paralelo e poderá ter um papel muito importante na quarta etapa deste Tour... bem como (sobretudo) em toda a primeira semana.

José Mendes (Bora-Argon 18)
Tem capacidade para fazer melhor do que em 2014 e isso tem demonstrado no corrente ano, destacando-se o 5º posto no Critérium Internacional e o 6º no Giro del Trentino. Não tendo a Bora um homem para repetir a prestação de Leopold König em 2014 (7º, quando ainda era NetApp), sobra espaço para José Mendes se mostrar em fugas, como fez na Vuelta 2013, e, porque não, procurar uma vitória de etapa.


Sprinters
Marcel Kittel, vencedor de oito etapas nas últimas duas edições, estará ausente por um vírus que ninguém sabe o que é, abrindo espaço para outro reinar. Mark Cavendish e André Greipel, pelo que já fizeram no Tour e pelo que têm feito no decorrer de 2015, são candidatos a ocupar o trono dos sprinters, mas contam com a oposição de Alexander Kristoff, que já levou dois triunfos do Tour 2014 e está a realizar uma temporada absolutamente incrível, com 18 vitórias já amealhadas.

Arnaud DémareJohn Degenkolb e Michael Matthews são mais três sprinters com créditos já demonstrados em grandes provas mas ainda em busca da primeira vitória no Tour, e Peter Sagan tentará ter algum apoio numa equipa naturalmente mais focada em Contador. Nacer Bouhanni caiu nos campeonatos nacionais, mas ainda espera recuperar a tempo.


Outsiders

Está a ser uma época apagada para Andrew TalanskyDaniel Martin, mas sobre os quais tenho alguma expetativa para as próximas semanas. No caso de Talansky, pela vitória no Dauphiné 2014; no caso de Martin, porque nem tão cedo terá um Tour com tão pouco contrarrelógio. Outros dois a aguardar com expectativa são Warren Barguil, depois de duas Vueltas de tão bom nível, e Tom Dumoulin, contrarrelogista de primeira linha que tem trabalhado muito pra evoluir na montanha e vem de ser terceiro na Volta à Suíça.

O campeão mundial, claro, Michal Kwiatkowski, excelente ciclista, muito agressivo, mas que ainda não conseguiu afirmar-se como um homem para a alta montanha e veremos se é desta (ainda 25 anos). A LottoNL-Jumbo alinha com três ciclistas que podem atacar o top-10, Robert GesinkWilco KeldermanLaurens Ten Dam, mais Sep Vanmarcke para procurar nos pavés do Tour a vitória que escapou na primavera. Nesse dia terá a concorrência, por exemplo, de Lars Boom e Fabian Cancellara. Também na Trek está Bauke Mollema, outra figura a considerar para o top-10.

Tony Martin, Tony Gallopin e Tim Wellens são ciclistas para, em condições normais, se mostrarem em fuga. E o último destaque para os jovens, gémeos e promissores Adam e Simon Yates.

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