terça-feira, 13 de julho de 2010

Alguém duvidava que o Tour era a dois?


Algumas pessoas continuam a antever corridas de ciclismo com base no querer dos ciclistas. “Fulano vai atacar porque quer chegar ao pódio”, “beltrano vai atacar porque quer aproveitar esta etapa para ganhar tempo” ou “sicrano vai atacar porque quer mostrar que está forte”. No entanto, o ciclismo é muito mais um desporto de poder do que de querer. As pretensões e estratégias de cada um estão dependentes das suas capacidades. Antes dos Campeonatos Nacionais, dizia-me um amigo ciclista algo como “vai ser preciso ser inteligente e espero que as pernas estejam fortes para eu poder ser inteligente”. Acho que hoje se viu bem isso.
O Fuglsang meteu a nu as fragilidades de muitos e a Astana concluiu o trabalho, nem que para isso tivesse que perseguir o Vinokourov e mostrar que é uma equipa de 8+1.
O Andy Schleck ainda tentou deixar o Contador para trás mas não conseguiu. Agora (como nos últimos quilómetros da subida para o Col de la Madeleine) o trabalho do espanhol está facilitado, pois só tem que responder aos ataques dum adversário. Precisamente por isso, o Schleck também tem a tarefa mais dificultada, pois as atenções e esforços do Contador estarão voltados para ele. No entanto, com a falta de ataques do Contador, depreendo que ele não está tão forte como noutros anos. Nos Pirenéus tudo poderá ser diferente e teremos que esperar para ver como estão as forças do Schleck, do Contador e dos seus principais colegas para a alta montanha: Fuglsang, Dani Navarro e Tiralongo. Poderá passar por eles as estratégias das suas equipas mas para isso é preciso que estejam fortes. Não basta querer.

Hoje a etapa foi para o Sandy Casar. Trabalhou muito e a estrada foi justa.
De resto, o Samu Sánchez voltou a mostrar-se forte na montanha e um forte candidato ao pódio, tal como Gesink, Menchov, Leipheimer. O Sánchez tem estado combativo e pode oferecer espectáculo à corrida, mas espero mais de Gesink, que atacará enquanto tiver forças. Importante é que saiba quando atacar e quando puxar o grupo. São demasiadas as vezes em que se limita a levar o grupo na roda, ajudando quem não deveria.
O Kreuziger não esteve como eu esperava. Vamos aguardar para ver se ainda lhe falta alguma qualidade para este tipo de etapas ou se simplesmente continua inconstante. À parte disso, tem apenas 24 anos e muita qualidade.
Quanto ao Evans, tive pena. É um ciclista batalhador e tentou esconder de toda a gente que tinha o cotovelo partido para que não aumentassem os ataques. Conseguiu esconder os problemas do cotovelo até ao final da etapa mas não foi preciso que começassem os principais ataques para ele ficar para trás. O Giro era a sua última hipótese de vencer uma grande volta. Não a conseguindo aproveitar, muito menos conseguiria no Tour de Andy e Contador. Afinal de contas, alguém duvidava que o Tour era a dois?

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