quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Tudo a pensar na Torre e até o Ortega ganhou


A etapa de ontem da Volta terminava em Lamego, numa contagem de 2ª categoria que só existe para a prova parecer dura. Venceu, em fuga, o José Herrada da Caja Rural, a equipa mais combativa até ao momento e à qual temos que agradecer por vir ao nosso país com tantas ganas. Logo atrás chegou o pelotão (quase 50 ciclistas numa 2ª categoria), com o Sérgio Ribeiro a reconquistar a camisola branca. Isto, depois da sua equipa trabalhar no pelotão, inclusive com David Bernabeu. Foi como admitir que ele não tem capacidade para chegar à amarela do Blanco e mais vale colaborar para tentar vencer uma etapa (a equipa já tinha uma, não precisava assim tanto de outra). Uma etapa que não merece mais que um parágrafo.
A etapa de hoje era daquelas bem aborrecidas, que contribuem para a ideia de que o ciclismo é uma seca em que só interessa o final. Em véspera de chegada à Torre, 220 km para uma fuga vingar e eu ir para a praia. Nem me lembrei de meter a gravar.
Tendo em conta os comentários da internet e os directos que por aí há, foi tudo como manda a regra: se és rápido, espera pelo sprint, se não és, ataca de longe. Assim, a vitória foi para um dos ciclistas mais fracos deste pelotão, o Joaquin Ortega, que tem como principal característica ser amigo do Bernabeu. Com 25 anos, passou a profissional na Fuerteventura do amigo mas a equipa acabou porque foi um fiasco e ele foi para o pelotão amador porque não tinha grande talento para a modalidade. Com 28 anos, voltou a ser profissional, agora na Barbot do amigo Bernabeu novamente, e tem feito uma época miserável. Logo no Algarve, mostrou que não se dava bem com subidas, contra-relógio nem sprints e foi último.
Antes desta etapa, tinha quatro ciclistas atrás de si na geral e era um espanhol pouco talentoso que ocupava o lugar de um português no pelotão profissional. Depois dela, continua a ter pouca qualidade e a ocupar o lugar de um português mas tem uma etapa na Volta e temos que levar com ele para o próximo ano. Tinha sido tão bom o Zé Mendes ganhar…
Amanhã Torre. Esperemos que seja uma daquelas grandes etapas, como às vezes temos. De qualquer forma, será a penúltima na luta pela geral e pode decidir a montanha.
*****
Ontem descobri que a transmissão televisiva começa uma hora mais cedo na RTP N. Deixo aqui a nota porque ouvir o Marco Chagas é um prazer e uma forma de aprender sempre mais.
Foi aí que ouvi que o CEO da Liberty Seguros em Portugal terá confirmado a ideia de voltar ao ciclismo profissional já em 2011 e gostaria de ter o Cândido Barbsoa como director desportivo. Ter mais uma equipa é uma excelente notícia. Além disso, o ciclismo português tem muito a agradecer à Liberty Seguros e aos seus directores em Portugal, principalmente o Dr. José António de Sousa, que adora a modalidade. Por isso decidiu patrocinar este ano a Federação, embora não me pareça bem uma empresa patrocinar uma equipa (Stª Mª da Feira) e a selecção, nem me pareça bem haver uma selecção na Volta a Portugal, tema sobre o qual há muito a dizer. Mas a Federação não podia recusar isto, principalmente sabendo que a Liberty queria voltar a ter uma equipa profissional.
À parte disso, preferia que essa equipa da Liberty fosse dirigida pelo Manuel Correia, que tão bem dirige a equipa feirense.

3 comentários:

  1. Realmente estes perfis da Volta (falo mesmo do gráfico dos perfis de etapa) são umas coisas fantásticas. Ao olhar por alto parece que vamos ter uma etapa a passar por um Galibier e a terminar em Lagos de Covadonga. Menos mal terem a decência de colocar a altitude, sempre dá para reflectir duas vezes.

    A chegada apesar de parecer prometer não foi nada do outro mundo, como, aliás, te vi prever num outro blog. O facto de ter chegado uma fuga também não foi muito abonatório, já que, como disseram na transmissão, lutar por uma vitória ou lutar por um 2º, 3º ou 4º lugar está longe de ser a mesma coisa, sobretudo para quem assiste à etapa. Enfim, etapas como, por exemplo, a da Volta à França de 2009, que terminou em Barcelona, são practicamente tão selectivas como esta.

    Já sobre a etapa de hoje, conhecia tão bem o vencedor como ele me conhece a mim. Depois de ler isto, acho que nem um dossier da CIA sobre ele me deixaria mais lúcido quanto à sua capacidade. Ao menos que a vencer um espanhol seja um de uma equipa portuguesa (sobretudo a Barbot, que tem sido a única, juntamente com a Paredes, mas esta menos frequentemente e com menores apetrechos, a tentar quebrar esta Discovery Channel portuguesa que é o Tavira).

    A Volta só se torna interessante se o Blanco tiver a mesma sorte que teve na Torre o ano passado.

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  2. Mais uma vez, obrigado pelo comentário Zé.
    Quanto à "sorte" do Blanco na Torre em 2009, acompanhando ciclismo de perto há tantos anos e tendo vários amigos a correr (entre eles o próprio Blanco), espero que não se repita. Nada é mais frustrante do que perder por uma queda ou um furo. Já me bastou ver o Héctor Guerra perder uma Volta por uma queda a 300m da meta. Tendo 2 amigos a lutar por esta Volta, prefiro que vença quem tiver mais pernas, seja o David ou o Hernâni.
    Quanto ao resto, nada a dizer.

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  3. De forma alguma espero um azar desses por parte do Blanco ou de qualquer outro corredor. Aquele comentário final foi uma simples forma de dizer que o Blanco está de tal forma forte que, a menos que tenha algum precalço de corrida, como uma queda, um furo ou uma corrente como a do Schleck, está mais do que visto que vai vencer. E mais, se ele, na Torre, quiser lutar pela vitória, quase de certeza que ganha.


    btw, é pena este blog não ter muita visibilidade. Merecia mais, duvido muito que hajam por aí muitos espaços de semelhante qualidade.

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