sábado, 7 de maio de 2011

Um português à caça do Giro

Depois de José Azevedo brilhar nas montanhas de Giro e Tour, a partir de agora será a vez de Tiago Machado. Ainda que não se possa colocar sobre si nenhuma responsabilidade, é legítimo que ele e todos nós tenhamos sobre ele muitas expectativas. É, aliás, muito importante distinguir as legítimas expectativas das responsabilidades que nem Bruyneel lhe coloca.

Quanto a Manuel Cardoso, a tarefa não será nada fácil, já que a Volta a Itália não gosta de sprinters e cada vez lhes dá menos oportunidades. Terá que estar bem nos poucos dias que existirão dedicados a velocistas. Bruno Pires ainda menos responsabilidades terá, a não ser a de aproveitar a oportunidade para ganhar experiência e desfrutar de algo tão especial como deverá ser correr uma das principais provas mundiais.



Tiago Machado

Não sei se já o disse aqui mas não tenho qualquer problema em admitir que o Tiago me vem a surpreender desde a Volta ao Algarve de 2009, quando foi 4º e bateu vários dos melhores contra-relogistas mundiais. Mesmo quando foi para a Radioshack, nunca esperei que se adaptasse tão rapidamente e fui surpreendido novamente no Algarve, em Castela e Leão, Romandia… até perceber que não é saudável estabelecer fasquias para ele porque eu seria sempre surpreendido.

Este ano, o percurso do Tiago tem sido espectacular, sem excepções. Talvez esteja no topo da sua forma muito cedo, talvez não, só se saberá durante o Giro, mas, independentemente disso, nada anula os excelentes resultados que tem tido até agora.

Só o tempo nos mostrará como reagirá à terceira semana, mas poderá contar com a experiência de uma estrutura directiva mais do que habituada a isto e de colegas como Yaroslav Popovych ou Robbie McEwen (apesar deste ser de outra especialidade). Infelizmente, não é de prever que tenha quem o possa ajudar quando chegar a alta montanha.

Manuel Cardoso

Essa alta montanha será mesmo o maior inimigo de Manuel Cardoso e todos os outros sprinters em prova. Durante 3 semanas, apenas haverá 4 ou 5 chegadas ao sprint, dependendo de como forem atacadas algumas etapas. Não concordo que haja tão poucas etapas para sprinter, como a organização do Giro vem a reduzir. Duelos entre os grandes sprinters também tornam interessantes as provas, como quando temos Mark Cavendish, Tyler Farrar, Alessandro Petacchi, Tom Boonen, André Greipel ou Thor Hushovd a discutir uma vitória numa grande volta. E para isso, não é necessário que sejam percorridos 220 km, porque com 170 ou 220 km, uma etapa plana (muito provavelmente) será discutida ao sprint e terá uma fuga como protagonista durante largos quilómetros, sendo que os fugitivos apenas aparecerão na TV nas últimas 2 horas, independentemente de quantas durar a etapa.

Outra situação com a qual não concordo, é que a última etapa plana seja a 12ª. A partir daí, cinco chegadas ao alto, duas etapas de média montanha, uma crono escalada e o contra-relógio final. Assim sendo, após a 12ª etapa, vários sprinters poderão voltar para as suas casas, como Mark Cavendish, para quem é irrelevante terminar um Giro só por terminar a mais vale começar a preparar o Tour.

Outro português em prova será Bruno Pires, na Leopard-Trek, e sobre ele pouco mais há a dizer do que aquilo que já foi dito. Nada lhe é exigido.

Favoritos

Alberto Contador parte como o grande favorito, seguido de Vicenzo Nibali, Michele Scarponi e Denis Menchov, De Igor Antón, espera-se que comprove a qualidade evidenciada na última Vuelta, Joaquin Rodríguez e Roman Kreuziger são outros dois homens a ter em conta para a luta pelos primeiros lugares. Depois há um leque de ciclistas para lutar por lugares nos dez primeiros, como Tiago Machado, David Arroyo, Carlos Sastre, Emanuele Sella, Domenico Pozzovivo, Thomas Lofkvist, Marco Pinotti, Christophe Le Mével, ou José Serpa. Convém também manter o olho aberto com o jovem Fábio Duarte e Vasil Kiryienka, dois ciclistas extremamente combativos e que poderão animar a prova.

Além dos portugueses, boa sorte também para o David Blanco, que volta a correr numa grande volta depois da Volta a Espanha de 2005, a sua última.

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Na passada terça-feira, faleceu um jovem de 18 anos, de nome Pedro Peixoto. Impossibilitado de grandes esforços físicos mas amante de ciclismo, há vários anos que ajudava os directores e treinadores da Tensai (equipa de formação de Viana do Castelo) e todos aqueles que podia, sem olhar ao equipamento que vestiam. Ficam por realizar todos os projectos que tinha. Aqui lhe deixo a minha pequena homenagem.

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