Finalmente! Começam amanhã as etapas de montanha, aquelas onde se farão as maiores diferenças entre os candidatos à classificação geral, onde se verá quem se preparou da melhor forma para este Tour e quem está em condições de lutar pela vitória final.
Luis León Sánchez é quem está mais próximo da camisola amarela de Thomas Voeckler, mas talvez seja Cadel Evans o maior candidato a vesti-la no final da etapa de amanhã… ou Andy Schleck… ou Frank Schleck. Está também na hora de Alberto Contador começar a recuperar vantagem.
Uma luta secundária na montanha
Depois de duas etapas decididas ao sprint, a primeira com Greipel a vingar-se do que Cavendish lhe roubou nos dois últimos anos e a segunda com Cavendish a vingar-se do que Greipel lhe roubou no dia anterior, a camisola verde chegou ao corpo do britânico. Desgastado pelo facto de querer disputar todas as etapas e sprints intermédios, Philippe Gilbert acabou por ceder essa liderança e muito dificilmente a voltará a ter. A partir de agora, já não há chegadas ao seu género onde possa encurtará a distância para Cavendish e Rojas.
A etapa de quinta-feira |
Toda a equipa Movistar terá que estar ao lado de Rojas para que o murciano possa conquistar a camisola verde. O sprint intermédio da etapa de amanhã está colocado antes da montanha e o melhor será a equipa espanhola colocar um ou dois ciclistas na fuga do dia. Uma vez que será muito difícil Rojas bater Cavendish nesse SI, o ideal para os espanhóis seria que uma fuga de 15 ciclistas levasse todos os pontos disponíveis. Na etapa de sexta-feira, será difícil eliminar Cavendish antes do SI; devendo a Movistar ajudar Rojas a ultrapassar a subida ao Col d’Aubisque para poder disputar os primeiros lugares na meta. Uma contagem de Especial Categoria, é sempre uma contagem de Especial Categoria, mas poderá não ser assim tão descabido que Rojas consiga estar no grupo principal na chegada a Lourdes. É que a subida está a 42 quilómetros do final e os melhores trepadores não a deverão atacar muito forte. Em 2009 houve duas etapas semelhantes e Rojas esteve no grupo principal a disputar os primeiros postos.
Já quanto à etapa de domingo, não há muito que enganar: a Movistar terá que fazer descolar Cavendish na primeira subida e a HTC terá que o ajudar a ultrapassar essa dificuldade, pois nenhum deles irá conquistar pontos na chegada a Plateau de Beille. Antes que vocês mudem de site, passemos ao assunto que procuram:
A grande luta pelo Tour
A etapa de sexta-feira |
As equipas destes homens terão um papel importante no desenrolar da corrida durante os próximos dias, principalmente no de amanhã. A Saxo Bank tem todos os seus homens atrasados na geral mas é essencialmente como medida de gestão de esforço, enquanto a Leopard tem contando com Fuglsang, Monfort e Gerdemann a evidenciar boa forma. Qual delas assumirá a corrida a caminho de Luz Ardiden? Da resposta a essa pergunta, dependerá a forma como a corrida vai acontecer. A Saxo Bank poderá apostar na mesma fórmula da Astana em 2010, utilizando os seus gregários, principalmente Navarro e Chris Sorensen, para endurecer a corrida e lançar o ataque Alberto Contador em busca dos segundos perdidos. Por outro lado, a Leopard poderá tentar partir a corrida de modo a deixar os irmãos Schleck com pouca companhia. Sozinhos? Com Contador? Com Evans? Quantos menos melhor. Depois, caberia aos irmãos fazer jogo: ataca um para obrigar os adversários a perseguir e quando o primeiro for alcançado, ataca o segundo. É uma hipótese, aquela que eu tentaria colocar em prática se fosse director desportivo da Leopard e tivesse os meus ciclistas em boa condição.
A BMC não tem grande equipa para a montanha. Se quiser controlar a corrida desde cedo, as outras equipas agradecerão, mas se fosse eu a delinear sua estratégia, optaria por poupar os meus corredores para que estivessem junto a Evans até o mais tarde possível.
A etapa de sábado, a etapa rainha dos Pirenéus |
A Ivan Basso tem faltado poder de arranque para as subidas até agora encontradas no percurso mas na alta montanha a conversa poderá ser outra e é preciso contar com ele para a luta dos primeiros lugares deste Tour. Tony Martin e Peter Velits também ainda não foram ao alcatrão, têm estado muito bem até agora mas não se sabe até que ponto o esloveno conseguirá igualar as prestações da última Vuelta (onde foi 3º) e o alemão conseguirá ultrapassar as grandes montanhas, aquelas que nos mostram quem são os grandes trepadores. Além disso, o trabalho desenvolvido a preparar as chegadas planas para Mark Cavendish, certamente deixa as suas marcas, faltando saber se são significativas ou nem por isso.
Andreas Klöden é um dos que já foi ao chão mas o seu rendimento não parece muito afectado. Damiano Cunego parece estar em muito bom nível (dentro das suas capacidades) e poderá ser um corredor a ter em conta durante estas três etapas pirenaicas. Sobre Christian Vandevelde e Tom Danielson também recaem algumas expectativas, principalmente
Não nos podemos esquecer de que amanhã é dia de França e por isso muitos franceses tentarão estar na fuga do dia, alguns deles a pensar também na classificação da montanha, visto que a etapa de amanhã terá muitos pontos em disputa. De qualquer forma, o mais provável é a liderança dessa classificação ficar entregue ao vencedor da etapa, que ganhará 40 pontos. Apenas Hoogerland e Voeckler não necessitariam de pontuar na chegada de amanhã para ficar com a camisola das bolas vermelhas, mas para isso necessitariam de estar na fuga certa e é muito pouco provável que tal aconteça. Um foi recentemente suturado com 33 pontos e o outro tem a camisola amarela.
Quantos aos ciclistas portugueses, Sérgio Paulinho deverá estar junto de Andreas Klöden e a liberdade de Rui Costa deverá estar dependente da forma como a Movistar quiser atacar a camisola verde. De qualquer forma, não é de excluir que qualquer um deles tenha instruções para se colocar em fuga durante estar etapas.
E para finalizar este artigo, falo nos 5 jovens a seguir no Tour por mim indicados:
· Denis Galimzyanov foi hoje 4º e já tinha um sexto lugar mas apenas conseguiu disputar os primeiros lugares nessas duas ocasiões, sendo de prever que desista nas próximas etapas (como, de resto, eu já tinha previsto);
· Ben Swift tem estado muito longe do que eu esperava e do que tinha feito até chegar ao Tour;
· Rigoberto Uran é o líder da Sky após a desistência de Wiggins e vai tentar estar com os melhores na montanha, depois de ter perdido 3 minutos no dia em que Wiggins desistiu;
· Rein Taaramae está entre os melhor colocados para chegar ao top-10, apesar do mau contra-relógio colectivo do segundo dia;
· Bauke Mollema tem andado a poupar-se para ajudar Gesink na montanha, faltando agora ver do que é capaz nos próximos dias.
Ah! Para quem não viu, há nova votação ali ao lado: quem sairá dos Pirenéus com a camisola amarela? Está em aberto até às 15h de sexta-feira.
Excelente análise de corrida meu caro, não posso deixar de afirmar que este é um dos melhores post's do teu blog. Concordo em praticamente tudo, e tenho uma forma de ver a corrida um pouco parecida com a tua.
ResponderEliminarASS: RicardoG7 do fórum PCM-Portugal
Concordo com tudo, penso que tanto o Contador como o Andy Schleck estão bem, se bem que temos de contar com o frank, o evans e também apesar de ja ter perdido tempo o ivan basso.
ResponderEliminarMuito boa a análise e espero ver mais uma vez um dos portugueses na fuga a triunfar :)
Pedro977 tambem do fórum pcm portugal.
A análise vai em muitas coisas de encontro ao que eu penso também. Talvez uma das coisas que não concordo contigo, seja a inclusão de Tony Martin, não acredito minimamente nele na alta montanha. Em relação à táctica que adoptarias para a Leopard, acho que muita gente pensa igual que tu, e sinceramente é uma das melhores cartadas que podem jogar, pois deixaria alguns adversários confusos, mas outros que certamente já desconfiam dessa hipótese.
ResponderEliminarAss: Pablito10, do fórum PCM.
Abraço.
Obrigado pelos vossos comentários ;)
ResponderEliminarQuanto ao Martin, eu também não acreditava nele, mas durante este fim-de-semana e na terça-feira pareceu-me estar relativamente tranquilo para responder ao que se passou nas (pequenas) subidas. Não creio que seja ciclista para os cinco primeiros do Tour, mas começo a acreditar que poderá estar no top-10 em Paris. É certo que, este ano, só no Algarve e Paris-Nice subiu com os melhores, mas já em 2009 tinha feito boas etapas de montanha. Por ser um contra-relógista por natureza, consegue fazer bons contra-relógio durante todo o ano, o que não acontece na montanha. Só estando em forma poderá subir com os melhores e parece-me que está em grande forma. Vamos ver.
Relativamente à estratégia indicada para a Leopard, não é para "confundir" os adversários mas sim para os desgastar. O Andy tem dois segundos lugares mas o Frank também já mostrou poder disputar os primeiros postos. No ano passado não tivemos o melhor de si porque caiu logo na primeira semana, mas penso que continua a ser um dos melhores trepadores do mundo. Olhando para a geral, está ainda melhor posicionado que o Andy e se o Frank atacar quando o grupo já for reduzido, Contador, Evans e etc vão ter que perseguir, o que favorecerá o Andy. Se o Andy atacar, a situação é inversa, favorecendo o Frank. Mas para os 2 ficarem com pouca concorrência, é necessário que Monfort, Gerdemann e principalmente Fuglsang consigam fraccionar a corrida, deixando KO os colegas dos principais adversários.