domingo, 7 de agosto de 2011

Primeira grande batalha vencida por Brôco

Na chegada à Senhora da Graça, LA/Antarte e Tavira-Prio mostraram ser as equipas mais fortes para lutar pela vitória na Volta! Hernâni Brôco teve o dia mais bonito da sua carreira até ao momento, com a vitória de etapa e o direito a envergar a camisola amarela no pódio colocado no topo do Monte Farinha.

Rui Sousa esteve mal mas a maior desilusão do dia foi João Cabreira. Ricardo Mestre e André Cardoso são as principais ameaças para Brôco e a equipa tavirense mostrou estar muito forte. No meio de tudo isto, amanhã a liderança poderá voltar para… Sérgio Ribeiro.

8 quilómetros de decisão

Logo quando analisei o percurso, alertei que esta etapa não teria a dureza doutros anos nem nada que parecesse. Sem subida à Barragem do Alvão, Monte do Viso ou qualquer outra dificuldade relevante antes de Mondim de Basto, o mais provável seria que o pelotão chegasse muito numeroso à vila trasmontana. Assim foi.

No ano passado, quando o pelotão entrou na subida final, Hernâni Brôco e Rui Sousa estavam em posição adiantada, sendo dois dos homens que tentaram a sua sorte lodo na subida para o Alto de Campanhó. Este ano, quando a corrida entrou na subida final, os melhores escaladores estavam todos juntos e os únicos escapados eram aqueles que tinham protagonizado a fuga inicial e por isso estavam muito desgastados. Joni Brandão foi quem mais tempo se manteve na frente e é de elogiar a prestação de hoje do Joni e do Domingos Gonçalves, outro membro da selecção que esteve na fuga do dia. Além deles, havia cinco outros aventureiros, todos de equipas estrangeiras, já que as equipas nacionais queriam guardar todas as forças para os últimos quilómetros.

Barbot e Tavira controlaram bem o pelotão. Corro o risco de estar a ser injusto com alguém, mas Bruno Pinto, Carlos Baltazar, Tomas Metalfe e Luís Silva foram os que mais me saltaram à vista nesse trabalho. Depois de Mondim de Basto, a Onda chegou-se á frente do grupo (onde alguns ciclistas já tinham abdicado de estar), de um modo estranho. Célio Sousa impunha o ritmo, João Cabreira ia na sua roda e outros colegas de equipa iam bem posicionados mas sem protegerem o seu chefe-de-fila.

André Cardoso acelerou no início da subida e fez com que o grupo se reduzisse. A Barbot controlou o ritmo, principalmente com César Fonte, e o primeiro homem a conseguir abrir distância para o grupo foi David Livramento. Tinha tudo para resultar: atacou bem, sobe bem e teve alguma liberdade da Barbot nos primeiros instantes seguidos ao ataque. Depois disso, atacou o russo Sergey Firsanov, que andava ali a poucos segundos de Livramento mas sem conseguir fechar o espaço. No grupo principal o ritmo era lento mas suficiente para fazer descolar João Cabreira, que perdeu 1.22 minutos hoje e na geral já está a 2’02’’.

Ataque importante aconteceu a quilómetro e meio do final, com Vergílio Santos a tomar a iniciativa e Nelson Vitorino a responder de pronto. Mais tarde chegaram lá os seus companheiros com aspirações à geral: Brôco, Ricardo Mestre e André Cardoso. A forma de Brôco correr foi a de sempre: resguardado no grupo, o mais protegido possível, e quando se chega à frente é para atacar. Nos últimos metros protagonizou um intenso duelo com Ricardo Mestre, venceu e conquistou a camisola amarela.

O modo como Brôco se resguardou durante toda a subida foi perfeito e contribuiu para o êxito final. A Tavira-Prio também esteve muito bem, faltando apenas a vitória. Poderá ficar um pouco mal na fotografia a perseguição de Nelson Vitorino a Livramento já dentro do último quilómetro, mas é compreensível se considerarmos que o objectivo principal passa pela vitória final e alguns dos principais rivais estavam a ceder. O objectivo passava então por ganhar o máximo tempo possível a quem estava em dificuldades, até porque Livramento estava à vista e, se não fosse Vitorino, seria um adversário a fechar o espaço. De qualquer forma, Vidal Fitas não tem qualquer responsabilidade sobre essa situação. Na Volta, os ciclistas não podem correr com auriculares e os directores desportivos nada podem fazer naquela fase da corrida.

E a partir de agora?

A partir de agora é de esperar uma acesa luta entre a LA e Tavira. Sérgio Ribeiro está em segundo na classificação geral e amanhã poderá recuperar a camisola amarela, pois a chegada a Gouveia é bem ao seu género. Porém, o chefe-de-fila da equipa, Rui Sousa, decepcionou hoje e chegou com 28 segundos de atraso. Não parece tempo preocupante, mas tem que ser acrescentado ao perdido ontem e no prólogo, já estando a 52 segundos de Brôco.

O que fará a Barbot a partir de agora? Em primeiro lugar, deverá centrar-se no ataque à etapa de amanhã, para Sérgio Ribeiro vencer a etapa e recuperar a camisola amarela. A liderança estará entre Sérgio Sousa e Rui Sousa, com o primeiro um segundo melhor e teórica vantagem no contra-relógio.

A LA/Antarte tem Brôco à frente de todos os outros e Vergílio Santos para o ajudar. Bruno Pinto e Márcio Barbosa também estiveram bem hoje e veremos o que poderão fazer no próximo sábado, dia de chegada à Torre. Hugo Sabido tirou o pé logo no início da subida do Monte Farinha e não se sabe o que poderá fazer nesse dia. Uma vez que Sérgio Ribeiro poderá chegar à amarela amanhã, a estratégia de Mário Rocha deveria passar por colocar um homem em fuga e passar o trabalho do pelotão para a Barbot. Bruno Silva, 15º a 1’30’’ de Brôco, seria o homem indicado, pois dificilmente teria consigo um homem melhor posicionado.

Do lado de Tavira, onde Ricardo Mestre e André Cardoso ainda podem lutar pela vitória na prova, a vantagem está do lado de Mestre, pois é significativamente mais forte no contra-relógio e André Cardoso não conseguiu aproveitar o dia de hoje para fazer valer os seus dotes de trepador. Independentemente de qual deles for a aposta de Vidal Fitas, terá o apoio do outro, de Nelson Vitorino e David Livramento para as maiores dificuldades que ainda estão pela frente.

A João Cabreira já não restam muitas hipóteses de vencer a Volta, mas, se conseguir melhorar o seu estado de forma, ainda poderá surpreender com um ataque de longe na etapa da Serra da Estrela. A aposta da Onda deverá agora passar por Ricardo Vilela ou Daniel Silva, que estão a cerca de um minuto da liderança.

*****
É de lamentar que o pódio não tenha sido transmitido na RTP. Já sei como é que funciona: o programa é para terminar às 18h10 e não se pode atrasar muito porque há horários a cumprir. Mas é de lamentar. E de lamentar é também a falta de público na subida final. Cada vez menos.

2 comentários:

  1. O Broco hoje esteve em grande dia.Como tu disseste soube resguardar-se e soube atacar no momento certo. Também Ricardo Mestre esteve bem chegando ao lado dele, o André Cardoso não esteve mal, ficou em terceiro perdendo apenas a 6 segundos mas podia ter estado melhor visto as suas qualidades na montanha e hoje era uma etapa onde podia ter tentado ganhar alguma vantagem. Já o Rui Sousa e o João Cabreira estiveram mal, o Rui Sousa não perdeu muito tempo mas podia ter estado melhor e ter chegado entre os primeiros teve o azar de ficar para trás. O João Cabreira hoje teve um péssimo dia, ficou cedo para trás depois ainda conseguiu recuperar e logo a seguir recaiu outra vez, se bem que é um ciclista muito imprevisível.
    O Sérgio Ribeiro é fantástico e amanha possivelmente voltará a levantar a camisola amarela.(É muito completo.)
    A Tavira e a LA Antarte estão entre um guerra acesa onde a LA Antarte para já está a levar a melhor,onde o contra-relógio e a etapa da torre ditará a vencedora.Até considero que são duas equipas que tem capacidade para ser do escalão Continental Profissional...
    Pedro977 do pcm-portugal.

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  2. A mim parece que esta táctica do Tavira do "ataca quem tiver melhor" ou "ataca um de cada vez" parece a Radioshack no Tour onde levou 4 líderes, só com a pequena diferença que ficou logo sem 2 antes das etapas de alta montanha...

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