Este foi um fim-de-semana cheio de ciclismo, com a Volta à
Catalunha, o Criterium Internacional, a nossa Volta ao Alentejo e a
Gent-Wevelgem. Sobre as duas primeiras não vejo necessidade de gastar muitas palavras,
a Gent-Wevelgem deixo para mais tarde mas a Alentejana, claro, merece atenção
desde já.
Planícies
mais planas do Alentejo
É com alegria que vejo a Volta ao Alentejo manter-se de pé.
Não há muitos anos, havia provas internacionais em Portugal de Fevereiro a
Agosto, com as Voltas ao Algarve, Distrito de Santarém e Alentejo, GP de
Paredes, GP CTT Correios, Troféu Joaquim Agostinho e Volta a Portugal. Das sete
sobram apenas quatro e, dessas quatro, três baixaram de categoria e duas delas
até perderam dias de prova. A Volta ao Alentejo é uma das que continua, agora
organizada pela PAD, mas a edição deste ano não me cativou minimamente.
Bem sei que as etapas só podem partir e chegar nos
municípios que querem acolher a prova e que não se pode meter montanhas onde
elas não existem, mas um contra-relógio teria sido suficiente para dar maior
diversidade à corrida. Outra solução poderia ser colocar mais uma passagem na
Serra de Grândola na última etapa, como em 2010 no GP Crédito Agrícola, onde
tive a oportunidade de ver o Alejandro Marque vencer a etapa e o Rui Costa (a
correr pela selecção) a classificação geral.
Foram quatro etapas planas, com luta pelas bonificações nas
metas volantes e nas chegadas, e no final ganhou o russo Alexey Kunshin, da Lokosphinx.
Um corredor do qual eu não fazia ideia da sua existência e, após pesquisa, o
mais relevante que encontrei foi um controlo anti-doping positivo em 2008, com
19 anos, que lhe valeu dois anos de suspensão.
O argentino Jorge Montenegro, do Louletano, venceu a
primeira etapa, o tal Kunshin venceu a segunda com dez segundos de avanço para
o pelotão e assumiu a liderança e o seu colega e compatriota Sergey Shilov
venceu a terceira ao sprint. Samuel Caldeira (Carmin-Prio) partia com a
camisola amarela para a última etapa mas, numa daquelas situações super
azaradas que às vezes acontecem, perdeu a prova para Kunshin, terceiro no
último dia, onde Filipe Cardoso (Efapel-Glassdrive) foi o mais rápido. O Filipe
Cardoso também não venceu a prova por azar.
Ora quanto ao Samuel Caldeira, o terceiro lugar ontem
ter-lhe ia chegado para vencer a classificação geral e até estava quase lado a
lado com Filipe Cardoso a 25 metros do final, quando o espanhol Francisco Antón
chocou com a sua roda traseira, lhe partiu uns quantos raios e lhe fez perder
posições (ver o vídeo seguinte). Terminou em terceiro da geral a um segundo dos
dois primeiros.
Já o Filipe Cardoso perdeu a prova no desempate por posições
com Kunshin. Nas quatro etapas, Kushin totalizou 89 posições (50+1+35+3) e
Filipe Cardoso 137 (13+91+32+1). Na segunda etapa teve um problema mecânico na
recta da meta que lhe fez chegar muito atrasado. Bastava-lhe ter sido 42º nessa
etapa para ter vencido a Volta ao Alentejo, o que até era bastante acessível
tendo em conta que o último classificado do grupo em que seguia foi 44º.
A camisola verde dos pontos foi para Samuel Caldeira, a azul
da montanha para Darren Lill da Team Bonitas, a laranja da juventude para Marc
Goos da Rabobank Continental e a classificação colectiva foi vencida pela
Rabobank Continental. Parabéns a todos, especialmente ao Filipe Cardoso e ao
Samuel Caldeira.
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A Volta à Catalunha, tal como já aqui foi dito, foi marcada
pela anulação da etapa rainha. Tinha um percurso sem etapas planas que cativassem
os sprinters e os trepadores em prova viram-se obrigados a tentar todos os
dias, em vão, ganhar segundos à concorrência, pois não havia bonificações.
Michael Albasini (GreenEdge) venceu a primeira etapa em fuga e manteve a
liderança até ao final, Samuel Sánchez (Euskaltel) venceu no penúltimo dia com
dois segundos de avanço e foi segundo na geral, Jurgen Van Den Broeck (Lotto)
foi terceiro empatado com o 15º.
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No Criterium Internacional o grande vencedor foi Cadel
Evans, da BMC, que tem uma grande equipa mas está a ter um início de temporada
muito azarado. Evans venceu o contra-relógio e segurou a camisola amarela na
chegada ao alto do último dia, vencida por Pierrick Fédrigo (FDJ). Atenção para
o norueguês Lars Petter Nordhaug, da Sky, que já tinha vencido o Trofeu Deia,
na Volta ao Algarve trabalhou para os seus colegas, depois esteve em estágio
para melhorar o seu contra-relógio e agora voltou à competição. Na primeira
etapa preparava-se para um lugar entre os primeiros ao sprint mas caiu já muito
próximo da meta e na chegada ao alto do último dia, apesar de esperar várias
vezes por Michael Rogers (empatado com Evans na geral), terminou no terceiro
lugar. Pareceu-me claramente o mais forte e acredito que, se não tivesse feito
dois ou três compassos de espera para Rogers, teria ganho a etapa. Atenção a
ele para o que falta da temporada.
Obrigado por mais um grande post Rui!
ResponderEliminarNo que toca à Volta ao Alentejo, eu achei uma corrida interessante até, vi uma prova com bons corredores estrangeiros(até melhores do que aqueles que foram à Volta a Portugal) e por isso mesmo ganhou um, mesmo sendo, para mim, desconhecido.De destacar a regularidade do Samuel Caldeira que foi uma pena não ter ganho pois acho que merecia.
Continua com o teu bom trabalho.
Mais uma excelente crónica Rui! Quanto à Volta ao Alentejo este Alexey Kunshin era um pouco desconhecido mas tinha mostrado alguma qualidade na Volta a Murcia que se disputou no início de Março..teve um bom desempenho no contra relógio dessa prova ao fazer o 4º melhor tempo..na geral foi mais discreto e terminou em 55º lugar a 6.29m da liderança.
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