Quem são os (ainda) favoritos desta Volta?

Ultrapassada a metade da Volta a Portugal, é necessário rever quem se mantém como favorito à vitória na prova e em que grau de favoritismo. Do camisola amarela Hugo Sabido ao vencedor do ano passado Ricardo Mestre vão 1.47 minutos, com Sérgio Ribeiro, Rui Sousa, o recordista David Blanco, David de la Cruz, Brice Feillu e Darwin Atapuma pelo meio. Uns têm consideráveis hipóteses de vencer, outras apenas hipóteses residuais.


Os oito nomes já referidos não constituem um prognóstico para os oito primeiros lugares mas sim um prognóstico quanto a quem espero que seja mais influente para o desenrolar da etapa da Torre.
A sua classificação está assim:

1º Hugo Sabido (LA Alumínios) -:-- (-0:51)

3º Sérgio Ribeiro (Efapel-Glassdrive) +0:38 (-0:13)

4º Rui Sousa (Efapel-Glassdrive) +0:45 (-0:06

5º David Blanco (Efapel-Glassdrive) +0:51 (-:--)

6º David de la Cruz (Caja Rural) +0:57 (+0:06)

7º Brice Feillu (Saur-Sojasun) +1:04 (+0:13)

12º Darwin Atapuma (Colombia-Coldeportes) +1:27 (+0:36)

16º Ricardo Mestre (Carmim-Prio) +1:47 (+0:56)

O tempo entre parênteses refere-se à diferença relativamente a David Blanco, que no contra-relógio deverá ganhar tempo aos que estão na sua frente.

Sabido ao ataque...

Hugo Sabido mostrou-se em excelente forma neste início de Volta e, se assim continuar, poderá segurar o tempo que tem de vantagem. De entre os outros sete apontados, David Blanco, de la Cruz e Mestre são as maiores ameaças no contra-relógio, mas o algarvio não recuperará todo o atraso que tem apenas nesse dia e quanto os espanhóis, se forem para o crono à distância que estão agora, será uma batalha muito equilibrada pela geral.

Na Senhora da Graça o Hugo deve ter sido quem teve mais energia, enquanto Blanco pareceu sempre no elástico mas não cedeu. Se o espanhol estiver melhor na Torre e poder atacar à vez com Rui Sousa, o Hugo Sabido precisará bastante do Vergílio Santos e do José Mendes para o protegerem dessas investidas o máximo possível. O Vergílio mostrou no ano passado, com o Brôco, que é um companheiro fiel, faltando ver se o José Mendes, que esteve muito bem na Senhora da Graça, também dá a cara ao vento pelo seu líder, uma vez que está fora da luta pela camisola amarela.

As hipóteses de Sérgio Ribeiro terminar no pódio são, em teoria, muito reduzidas, mas antes da etapa da Senhora da Graça também ninguém diria que ele ia terminar em cima da vitória. Num contra-relógio plano como o deste ano, muito dificilmente se defenderá como no ano passado. Na Torre, ainda que não perca muito tempo para os primeiros, também é pouco provável que volte a estar junto deles como na Senhora da Graça. Deverá melhorar o 6º lugar final de 2011, mas para pódio parece-me muito difícil.

Rui Sousa precisa de montanha para ganhar tempo a Hugo Sabido, Blanco e de la Cruz, e para isso tem a Torre. Não há muito que enganar: as suas possibilidades de vitória passam pelo tempo que ganhar na Torre.

David Blanco está a distâncias que pode recuperar no contra-relógio, mas também tem David de la Cruz demasiado próximo tendo em conta esse dia. Na Senhora da Graça esteve muito justo, mas esteve lá. Hugo Sabido e o outro espanhol estiveram mais activos durante a subida mas terminaram atrás do tetra vencedor da Volta. Na alta montanha, como na Torre, é preciso muito mais resistência do que na Senhora da Graça e não me admirava que o galego-algarvio vencesse na Torre, apesar de lhe bastar ir na roda de Rui Sousa. Se tiver capacidade para atacar em conjunto com o companheiro, a concorrência vai sofrer muito.

...de la Cruz também ao ataque...

David de la Cruz (23 anos, Caja Rural) é demasiado desconhecido para o perigo que representa. No ano passado foi 3º na Toscana Terra di Ciclismo, uma das mais duras provas sub-23 a nível internacional, e este ano já foi 4º na Volta a Castela e Leão, 2º nas Astúrias e 9º na Volta a Madrid, batendo em todas elas os chefes-de-fila das equipas portuguesas, a subir, e em contra-relógio (inclusive Blanco e com boa margem). Na Senhora da Graça foi 4º, junto a Ribeiro, Blanco e Sabido, e se mantiver este nível de forma, é uma séria ameaça para as equipas portuguesas. Fica aqui o aviso.

... Brince Feillu, também ele ao ataque...

Vindo de fuga, Brice Feillu venceu uma etapa de alta montanha no Tour 2009, com 24 anos ainda por cumprir, e deixou os franceses com água na boca. Os dois anos que se seguiram foram muito aquém do esperado mas tem estado em grande forma nesta Volta. No contra-relógio, deverá perder muito tempo, mas é um dos candidatos à vitória na Torre e um dos que mais poderá endurecer a etapa.

Darwin Atapuma é uma dar grandes esperanças do ciclismo colombiano no que à montanha diz respeito, mas é também o típico colombiano que se perde nos contra-relógios. Andou muito bem na montanha do Giro del Trentino e da Volta à Califórnia e em teoria a Torre (pela extensão) adapta-se melhor às suas características do que a Senhora da Graça, mas a condição até agora demonstrada não é excepcional e, de qualquer forma, o contra-relógio tira-o dos candidatos ao pódio. Poderá, isso sim, animar a etapa da Serra.

Para terminar esta análise, Ricardo Mestre. O atraso que regista é significativo, mas uma parte deve-se às quedas que lhe marcam o corpo. Se conseguir recuperar das mazelas e chegar à etapa rainha da Volta na mesma condição do ano passado, poderá ganhar a etapa e recuperar boa parte do atraso. Está em clara desvantagem, e basta olhar para a classificação para o saber, mas ainda poderá ter uma palavra a dizer no texto final da Volta.

Como disse, penso que estes são os oito ciclistas que mais influenciarão a etapa da Torre, não considerando que serão os oito primeiros, nem na etapa, nem a geral final. O único palpite que lanço quanto a essa, é que de entre Sabido, Rui Sousa, Blanco e de la Cruz sairá o pódio.

...e a tripla da Efapel

A Efapel dominou a Senhora da Graça, mas não teve um ciclista muito superior à concorrência. Confirmou sim o que já se desconfiava desde Março, quando contratou Blanco: tem o melhor conjunto. No entanto, já por diversas vezes vimos que na Torre, a partir de um certo ponto, não adianta ter os melhores colegas do mundo se não se for o mais forte.





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Hoje sim, tivemos todas as equipas a fazer pela vida. A LA na defesa de Sabido, a Onda-Boavista no ataque à vitória na etapa com Cabreira, os gémeos Gonçalves e Délio Fernández, a Efapel a perseguir quando teve que ser e a Carmim-Prio ao ataque com Mestre, Amaro Antunes, Nelson Vitorino e David Livramento. Não percebi foi o motivo pelo qual o Nelson Vitorino e o Livramento atacaram quando a situação de corrida até era boa para o Mestre, mas, pelo menos, todas fizeram pela vida e animara a etapa.