sexta-feira, 12 de abril de 2013

Amstel Gold Race: favoritos e antevisão

Peter Sagan 3º em 2012, vencedor em 2013?
Ultrapassados que estão os pavés da Volta a Flandres e do Paris-Roubaix, as atenções voltam-se agora para as clássicas das Ardenas, reconhecidas pelo seu constante sobe e desce. A primeira delas é a Amstel Gold Race já no domingo, uma prova criada apenas em 1966 mas que tem espaço marcado na agenda dos grandes ciclistas e dos adeptos da modalidade. Peter Sagan e Philippe Gilbert partem como grandes favoritos, mas o novo final pode reservar surpresas.

Percurso

34 colinas marcam o percurso da Amstel Gold Race. 34! Obviamente não se tratam de montanhas e muitas delas, isoladamente, até seriam acessíveis, mas no seu conjunto fazem uma prova dura em que as forças faltarão a quase toda a gente na hora de sprintar para o risco de meta, no mesmo local que os últimos Campeonatos do Mundo.

Para tornar o final mais seletivo, em 2003 a organização transferiu a chegada da prova de Maastricht, capital da província de Limburgo, para Valkenburg, de modo a utilizar o Cauberg como derradeira dificuldade. Com 1200m de extensão, 5,8% de inclinação média e 12% de máxima, o Cauberg tem sido suficiente para evitar que sprinters vençam a prova, como tinha sucedido com Erik Zabel em 2000. Este ano o percurso voltou a sofrer alterações.

A primeira das trinta e quatro colinas está logo aos 10 km e são uma constante durante toda a prova, assim como as estradas apertadas. Do mesmo modo que a Volta a Flandres tem um percurso que procura muros de pavé e o Paris-Roubaix procura os setores que tornam a corrida uma prova especial, a Amstel Gold Race passa por quantas colinas seja possível e, sendo necessário que grande parte do percurso seja em estradas secundárias onde não cabem dois carros lado-a-lado, também não é problema.

Em 2013 o final será um pouco diferente dos últimos anos. A meta é deslocada para 1800m após Cauberg, como nos últimos Mundiais vencidos por Philippe Gilbert e as duas colinas anteriores serão o Geulhemmerger (970m a 7,9%) e o Bemerlerberg (900m a 7%), respetivamente a 16,5 e 7,8 km da meta.

Apenas nessa fase final deverão acontecer os ataques que condicionarão a corrida e vão endurecer a seleção no pelotão. Não se espere contudo que os grandes candidatos ataquem antes do Cauberg. Frank Schleck em 2006 e Serguei Ivanov em 2009 são exemplos de ciclistas que venceram a Amstel Gold Race com ataques antes da subida final, mas são exceções à regra.


Perfil do novo percurso


Favoritos

Com o novo final, haverá dois tipos de candidatos: os que sobem melhor e tentarão isolar-se no Cauberg rumo à vitória, e os mais rápidos que tentarão aguentar os ataques para fazer a diferença na fase final plana.

Philippe Gilbert (BMC), vencedor da AGR em 2010 e 2011, parece o homem mais forte para se isolar no Cauberg, tal como fez em Setembro para conquistar o seu título mundial. Mas o principal candidato ao triunfo é mesmo Peter Sagan (Cannondale), terceiro na edição do ano passado. Parece difícil alguém desfazer-se do eslovaco nas curtas subidas e também parece pouco provável que alguém mais rápido que ele entre na fase final na dianteira.

Dentro da BMC e da Cannondale existem ainda Greg Van Avermaet e Moreno Moser, dois ciclistas que poderão ser os braços-direitos dos seus líderes ou lutar eles mesmo pela vitória se lhes for concedida tal liberdade. Talvez Van Avermaet tenha alguma liberdade mas Moser deverá sacrificar-se por Sagan.

O vencedor do ano passado Enrico Gasparotto embateu num camião esta semana, estará em prova mas dificilmente estará na luta pela vitória. Ainda assim, a Astana tem Maxim Iglinsky, vencedor da Liège-Bastonge-Liège do ano passado.

A Movistar tem uma equipa muito interessante, com Alejandro Valverde, Rui Costa e Nairo Quintana. Valverde é quem tem o estatuto de líder máximo da equipa mas a queda e abandono na Volta à Catalunha podem ter afetado a sua preparação, pelo que deverá ser dada liberdade a Costa e a Quintana para usarem as suas armas. No caso do português, o equilíbrio entre a capacidade de aguentar as colinas com os melhores e bater grande parte dos expectáveis adversários ao sprint, já no caso do colombiano, a excelente forma que vem a demonstrar e os seus dotes de trepador. As subidas existentes não parecem ser suficientes para fazer valer todos os seus dotes mas depois da forma demonstrada na Volta à Catalunha e Volta ao País Basco, há que inclui-lo na lista de candidatos.

Ainda de Espanha, Joaquim Rodríguez (Katusha), 2º em 2011, e da Colômbia mais dois ciclistas que estiveram em destaque no País Basco: Carlos Betancur (Ag2r) e Sérgio Henao (Sky).

As esperanças locais resumem-se a Bauke Mollema (Blanco) e mais remotamente a Tom-Jelte Slagter. A Blanco tem ainda Paul Martens e a Vacansoleil Bjorn Leukemans. Outros ciclistas a ter em atenção serão Simon Gerrans (Orica), Thomas Voeckler (Europcar), Damiano Cunego (Lampre), Edvald Boasson Hagen (Sky), Daniel Martin (Garmin) e Peter Velits (Omega Pharma)

***** Sagan e Gilbert
**** Valverde, Rodríguez, Van Avermaet, Costa
*** Henao, Quintana, Betancur, Daniel Martin, Voeckler, Gerrans
** Iglinsky, Mollema, Gerrans, Moser, Hagen, Slagter, Peter Velits, Cunego, Leukemans e Martens

Chave da corrida

Seria muito interessante uma corrida atacada desde o Geulhemmerger (a 16,5 km da meta), com apenas uma dezena de ciclistas a iniciar a última dificuldade na frente, mas é pouco provável que a corrida seja tão seletiva.

Voeckler, Rui Costa, Quintana, Leukemans ou Iglinsky poderão apostar na antecipação, mas os principais candidatos deverão aguardar até ao Cauberg. Ai se verá se alguém se consegue isolar ou se levam Peter Sagan para a discussão nos últimos metros. Nesse caso, Sagan deverá conquistar a sua segunda grande clássica da temporada, depois da Gent-Wevelgem.

Transmissão

A Amstel Gold Race terá transmissão televisiva na Eurosport 1 a partir das 14h00. A partida real está agendada para as 9h20 e a chegada para as 15h10, de acordo com o melhor horário.

10 comentários:

  1. Olá Rui gostaria de tirar uma dúvida que não está relacionada com este assunto mas com certeza saberá melhor que eu..os ciclistas pertencentes à Escola Nacional de Pista (por exemplo, Hugo Brito, José Afonso, José Mendes e Pedro Brás) podem ser convocados para a seleção nacional de estrada sub 23 que corre a Taça das Nações ou apenas podem correr provas de estrada integrados na seleção nacional de pista?


    Obrigado

    ResponderEliminar
  2. Obrigado pelo comentário.

    Pengo, creio que podem ser selecionados para a seleção sub-23. Do que conheço dos regulamentos, não vejo qualquer impedimento, mas os regulamentos da UCI têm quase 200 páginas e pode ser que lá no meio haja alguma alínea que impeça essa situação. Mas com 99% de certeza que sim, podem ser convocados para participar na Taça das Nações.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  3. Obrigado Rui:) Coloquei a questão porque temos visto, por exemplo, ciclistas de estrada (Rafael Reis e António Barbio) a correrem provas de estrada integrados na seleção nacional de Pista, mas o contrário (os da pista na seleção nacional sub 23) nunca assisti, daí a questão.

    Abraço

    ResponderEliminar
  4. Rui, achas que o Boasson Hagen não será um favorito? Passa relativamente bem essas subidas, aliás no Tour o ano passado viu-se o excelente trabalho nele no comboio da Sky nas subidas e é muito bom no sprint. Pena foi no ano em que o Freire abandona, finalmente surgir uma AMG à medida dele. O ano passado foi incrível ver que esteve quase, quase e mesmo no fim cedeu. Não tenho dúvidas que se estivesse no activo seria candidato. Mas lá está, a história é feito dos que estão, mas que é pena, isso é... Acho o Sagan ainda mais favorito que o Gilbert nesta corrida, nas outras duas "Ardenas" o Sagan não terá argumentos para o Gilbert, penso que nem lá estará!

    ResponderEliminar
  5. Obrigado pelos comentários.

    Não existe "seleção nacional de pista" a correr na estrada. O Rafael Reis e o Barbio correram o Troféu LabMed pela seleção. Não tem nada a ver com pista.

    Ricardo, o Boasson Hagen tem características para discutir a prova, mas ultimamente não tem estado tão bem quanto no final de 2012.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  6. Mas Rui essa seleção tinha os 4 elementos da pista que mencionei e no troféu a equipa denominava-se Seleção Nacional de Pista/Liberty Seguros...

    ResponderEliminar
  7. Pengo, na classificação que está no site da Federação esses ciclistas estão na "Seleção Nacional Estrada Sub-23", mas isso nem interessa.
    Resumindo: aos olhos do regulamento não existe "Seleção de estrada", "Seleção de pista" nem "Seleção nacional/Liberty Seguros". Existem sim seleções nacionais, onde pode correr qualquer ciclista nacional que esteja federado. Não interessa quem patrocina a seleção nem interessa se os ciclistas que a compõem são profissionais* ou amadores.

    *Com exceção dos ciclistas das UCI ProTeams, que não podem competir na Taça das Nações nem Mundiais sub-23, mas isso é um caso particular.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  8. Obrigado pelo esclarecimento.

    ResponderEliminar
  9. Rui a analise é boa...

    Não dispunha os favoritos dessa forma...

    Mas tirando os que puseste e talvez o Kolobnev, Monfort, Vanendert, Uran e o Ulissi e penso que deste lote sai o vencedor...

    Clara vantagem para Sagan, mas atenção a forma como se desenrolar a corrida, por exemplo a TST não tem 1 favorito, o Kreuziger talvez seja o chefe de fila, mas tem ciclistas que podem mexer muito a corrida, tal como a euskadi e outras e a Cannondale, tirando o Moser e um ou outro o resto é figura de corpo presente!

    ResponderEliminar
  10. Obrigado pelos comentários.

    Luís, opiniões diferentes são sempre bem-vindas. Indicar todos os ciclistas como favoritos não faz o meu género, mas é verdade que Kolobnev, Ulissi e Uran são ciclistas que podem estar nos primeiros lugares. Monfort e Vanendert é que parecem em pior forma.

    Cumprimentos

    ResponderEliminar

Share