Enorme trabalho de Ryder Hesjedal que dá a vitória a Daniel Martin na Liège-Bastogne-Liège, algo que o seu tio Stephen Roche esteve próximo de conseguir em 1985 e 87. Rui Costa esteve várias vezes em posição adiantada mas nunca colaborou para que as fugas tivessem sucesso, com a Movistar a apostar tudo num Valverde incapaz de seguir com Martin e Joaquim Rodríguez no último quilómetro.
Tudo como tinha que ser nos quilómetros iniciais, com uma fuga de seis ciclistas a ultrapassar os sete minutos de vantagem. A primeira surpresa foi a Saxo Bank assumir a perseguição, como se fossem os grandes candidatos à vitória. Depois uma Astana que acreditava em Nibali e Gasparotto e uma Sky que tinha Henao e Uran.
Na subida de La Redoute, quando a Sky lançou David López para a frente com resposta de Rui Costa e Jakob Fuglsang, poderia ter ficado decidida a corrida. Sky, Movistar e Astana, as três equipas com mais argumentos para a perseguição a fugitivos, estavam representadas na frente e não necessitariam de trabalhar. No entanto, Rui Costa e Fuglsang nunca colaboraram com David López e deixaram juntar-se à frente de corrida Damiano Cunego (Lampre), Alberto Losada (Katusha), Romain Bardet (Ag2r) e Mathias Frank (BMC). Era um grupo suficientemente forte para se organizarem e discutirem entre eles a vitória, porque lá atrás faltaria gente para perseguir, mas nunca houve entendimento e seriam alcançados ainda antes da subida seguinte.
No Colonster, a novidade do percurso, mais ataques. Alberto Contador (Saxo Bank), Rigoberto Uran (Sky), Rui Costa, Igor Antón (Euskaltel), Giampaolo Caruso (Katusha) e Ryder Hesjedal (Garmin), que seria uma das maiores figuras do dia. O canadiano, vencedor do último Giro, era o mais determinado e partiu em solitário, com a Astana e a BMC a trabalhar no que sobrava no pelotão e se preparava para enfrentar a subida a Saint-Nicolas, onde Hesjedal ainda levava vinte segundos de vantagem e mantinha em aberto a possibilidade de vitória.
Apesar de ter o seu colega na frente, Daniel Martin entrou em Saint-Nicolas na frente do grupo, à espera que surgisse qualquer ataque para seguir na roda. Foi Carlos Betancur (Ag2r) quem se mexeu, com Dan Martin, Alejandro Valverde (Movistar), Michele Scarponi (Lampre) e Joaquim Rodríguez (Katusha), a única opção da sua equipa depois de Daniel Moreno ser vítima de problemas mecânicos. Chegaram-se a Hesjedal e o canadiano continuou a impor o ritmo, apostando tudo em Martin, como já tinham feito na Volta à Catalunha com sucesso.
Todos na roda de Hesjedal e a confiar que os perseguidores não conseguissem anular a reduzida distância, até que Joaquim Rodríguez, recuperado da queda na Amstel Gold Race, quebrou o status quo. Ataque de Rodríguez, resposta de Daniel Martin e Valverde encostado às cordas no último assalto. Depois de uma corrida em que Rui Costa pareceu estar sempre amarrado à aposta da Movistar em Valverde, o espanhol não esteve ao nível exigido. E se o Rui tivesse colaborado quando ia na frente com o David López e o Fuglsang?
Na luta a dois, Daniel Martin foi o mais forte. 6º na Flèche Wallone do ano passado, 5º na LBL, 4º na FW deste ano e agora 1º. Um ciclista que sempre teve grandes características para este tipo de provas mas que nos primeiros anos da sua carreira se via muito afetado pelas alergias em abril e maio. Todos os anos dizia que tinha um novo tratamento, que estava pronto para encarar as Ardenas a 100%, mas acabava por falhar.
Joaquim Rodríguez 2º, Valverde 3º e Betancur 4º, com apenas 23 anos, na sua primeira temporada no World Tour e depois do pódio de quarta-feira. Philippe Gilbert, que não é o mesmo Gilbert que em 2011 vencia tudo, foi sétimo, Hesjedal ainda foi oitavo e Rui Costa nono.
Daniel Martin, sobrinho de Stephen Roche e primo de Nicolas Roche, é profissional desde 2008 na Garmin e nesse ano até veio a Portugal para disputar o GP CTT Correios e a Volta a Portugal. Foi o melhor jovem dessa Volta a Portugal até ao último dia, em que Tiago Machado lhe ficou com a camisola por onze segundos. Martin foi 10º na geral.
2º na Volta à Catalunha 2009 e 2011, vencedor da Volta à Polónia em 2010 e 2º em 2011, vencedor de uma etapa na Vuelta 2011 e 2º no Il Lombardia. Aos 26 anos (cumpre 27 em agosto) ainda poderá brilhar muito nas Ardenas e em grandes voltas.
Rodríguez e Valverde podem a partir de agora dedicar-se às provas por etapas. Por outro lado, Gilbert precisa de repensar o seu futuro. 2011 foi um ano que enorme domínio, com muitas e importantes vitórias ao longo de toda a temporada. 2012 foi um ano abaixo do esperado e salvo pelos Mundiais (e que salvação!) e em 2013 ainda está a zeros. Esta semana representava para si o mesmo que a semana de Flandres e Roubaix para Cancellara ou Boonen. E Gilbert falhou. Falhou as vitórias e falhou os pódios.
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Revista da Semana
Flèche Wallone
Antes da LBL, na quarta-feira foi dia de Flèche Wallone, com Daniel Moreno a suceder ao seu compatriota, colega de equipa e colega de quarto Joaquim Rodríguez. Sergio Henao e Carlos Betancur deram continuidade ao bom momento de forma evidenciado na Volta ao País Basco e completaram o pódio. Peter Sagan foi 12º e em 2014 deverá repensar os seus objetivos para a primeira fase da temporada, pois este ano não foi possível estar a top desde Sanremo até às Ardenas.
Giro del Trentino
Também semana de Giro del Trentino, onde Vicenzo Nibali ganhou e mostrou ter uma grande equipa ao seu lado, com sete ciclistas nos primeiros 31 lugares da geral.
Uma fuga de sete unidades que ganharam quase sete minutos ao pelotão na primeira etapa assustou os favoritos, até porque entre os fugitivos estava Maxime Bouet (Ag2r), vencedor da Volta ao Alentejo 2009 e que este ano já andou bem na Volta a Omã e no Criterium Internacional, pelo que seria uma distância muito difícil de recuperar. Apenas no último dia foi possível, com Nibali e Santambrogio a relegarem o francês para terceiro lugar. E atenção a Mauro Santambrogio, que passou de gregário da BMC para líder da Vini Fantini e tem andado muito bem, alimentando expetativas de que poderá fazer um bom Giro.
Wiggins e Evans foram quinto e oitavo na geral (o britânico teve problemas mecânicos na última etapa) e esperamos que estejam no melhor das suas formas no Giro. André Cardoso foi 13º e Amaro Antunes 82º.
Volta à Romandia
Começa terça-feira a Volta à Romandia, que outrora era para alguns ciclistas o último teste antes do Giro mas nos últimos anos tem atraído mais as atenções dos homens do Tour do que da prova italiana.
Começa com um prólogo em crono-escalada (o que é pouco frequente) e seguem-se três etapas de média montanha, difíceis para os sprinters mas sem dureza suficiente para os trepadores. A quinta etapa terá quatro contagens de montanha de primeira categoria e a última delas a terminar já nos últimos dez quilómetros, onde os trepadores terão que fazer diferenças a pensar no contrarelógio do último dia, com 18 quilómetros planos. Recorde-se que Rui Costa foi terceiro no ano passado apenas batido por Wiggins e Talansky, então sem uma etapa tão dura quanto a quinta deste ano mas com um contrarelógio muito mais duro do que teremos no próximo domingo.
Chris Froome e Richie Porte partem como principais favoritos, mas a lista de participantes inclui muitos ciclistas de grande qualidade, como Tony Martin, Peraud, Talansky, Gesink, Kelderman, Valverde, Kreuziger, Spilak ou Brajkovic. Portugal estará representado por Rui Costa, Tiago Machado e Nelson Oliveira, dos quais poderemos esperar coisas boas, especialmente no contrarelógio, mas da parte do Rui e do Tiago também na geral.
Infelizmente a prova não terá transmissão em nenhum canal português, mas será possível ver na internet, pelo que fiquem atentos à página do Facebook.
Volta à Turquia
O que terá transmissão no Eurosport será a Volta à Turquia, uma volta chata em que os responsáveis do turismo na Turquia apostam forte na sua transmissão televisiva e é esse o maior motivo de interesse. A prova começou hoje com vitória de Marcel Kittel frente a André Greipel. Durará até domingo, com transmissão a partir das 13, por vezes no canal 1 do Eurosport, por vezes no 2. Presentes estão Manuel Cardoso, Bruno Pires e José Mendes.
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E para breve há mais novidades. Quem gosta de ler o Carro Vassoura, vai gostar.
RUI COSTA COLABOROU SIM NA FUGA!
ResponderEliminarAnonimo JF diz:
ResponderEliminarnao colaborou nao...
O Rui Costa não colaborou e quando algum elemento na fuga atacava ele limitava-se a ir na roda...
ResponderEliminarObrigado pelos comentários.
ResponderEliminarNão deixa de ser interessante que numa corrida brilhantemente vencida, do ponto de vista individual e coletivo, o maior motivo de debate (aqui e no facebook) seja se o Rui Costa trabalhou ou não. Ainda assim, dá para perceber que houve visões diferentes.
Cumprimentos!
o rui colaborou o que a Movistar lhe disse para fazer...
ResponderEliminarBrutalidade do Hesjedal e grande forma do Martin, que vem mostrando que neste tipo de subidas é muito forte...