quarta-feira, 12 de junho de 2013

(des)União na Movistar?

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The Secret Pro é o nome de uma rubrica mantida num dos maiores blogs mundiais dedicados ao ciclismo, da autoria de um ciclista profissional anónimo - daí vem o nome - e na sua última crónica falou na possível luta pelo poder na Movistar entre Valverde, Rui Costa e Nairo Quintana. Será?


O CyclingTips é um blog dedicado ao ciclismo, um dos mais conceituados, mais visitados e com mais material de quantidade, motivo pelo qual está na seção "Blogs Recomendados" ali na coluna do lado direito (podem sempre fazer as vossas sugestões). Nele existe uma coluna chamada The Secret Pro (TSP), onde um ciclista profissional que ninguém sabe quem é (só o dono do blog conhece a sua identidade) escreve sobre vários aspetos da modalidade e é bastante interessante, até porque escrever em anónimo permite dizer coisas que de outra forma é impossível.

Depois de toda a polémica em torno da possível presença de Wiggins no Tour e sobre quem seria o líder da equipa, na última crónica do TSP foi escrito o seguinte (traduzido por mim):
"As pessoas parecem obcecadas com a Sky, mas não há falta de tensão pela liderança noutras equipas. Olhem para a Movistar: eles têm Rui Costa, Nairo Quintana, Alejandro Valverde... todos eles com ambições para a classificação geral em grandes corridas. Existe muita tensão entre eles. Eu não ficaria surpreso se o mesmo acontecesse na Garmin com Talansky e Hesjedal e na BMC com Van Garderen e Evans."
Aproveito então para trazer este tema para o Carro Vassoura, até porque no último Tour houve uns certos comentadores que criaram uma classificação secundária entre Rui Costa e Valverde. Havia a classificação geral, pontos, montanha, juventude, coletiva e a Costa vs Valverde, que era constantemente atualizada mas apenas no canal que lhes paga, porque os seus colegas de profissão (nacionais e internacionais) não se deram conta que existiam esse duelo. Foi então passada a ideia para os telespetadores que Valverde prejudicava o Rui Costa e que era muito importante saber qual terminaria melhor na classificação geral, mesmo que a diferença fosse do 18º para o 20º lugar. Pior, a ideia e a rivalidade foi aceite por alguns telespetadores que pensam que tudo o que é dito naquele canal é verdade.

No autocarro, só eles saberão como é. Mas na estrada, que é onde realmente interessa, nunca se viu rivalidade ou desunião entre Rui Costa, Alejandro Valverde e Nairo Quintana - bem pelo contrário.

É importante perceber que Valverde é, por direito próprio, o líder absoluto da Movistar. Não por ser espanhol, mas por ser dono de um palmarés incrível, um dos melhores ciclistas da sua geração e até à temporada passada já conhecia todos os lugares da Vuelta desde o 5º até à vitória, juntando-lhes dois top-10 no Tour. Apesar do fracasso no Tour, o segundo posto na Vuelta transata veio confirmar que ainda é um homem a ter em conta para as provas de três semanas.

O Rui Costa tem um outro estatuto dentro da equipa e do pelotão mundial. O Rui é um dos melhores ciclistas do mundo, com provas dadas e confirmadas em provas de uma semana ou de um dia, e não se trata de uma questão de nacionalidade, porque lá fora todos o reconhecem como um fantástico ciclista.

Como dito anteriormente, na estrada sempre foram unidos. Todos nos lembramos da forma como o Valverde ajudou o Rui na defesa da camisola amarela na Volta à Suíça do ano passado, e esta temporada tivemos logo em fevereiro o Rui Costa a fazer um excelente trabalho para a vitória do seu colega no Trofeo Serra de Tramuntana (Challenge de Maiorca). Na Volta à Catalunha também tivemos a Movistar a trabalhar muito bem coletivamente. Na primeira chegada ao alto o Quintana estava muito forte mas nunca quis deixar sozinho o companheiro Valverde, que estava à sua frente na geral por meio minuto, mas depois de verem a força do Quintana nesse dia deram-lhe liberdade para o que restava da prova.

Independentemente do que aconteça até final da Volta à Suíça, a estratégia da Movistar já deve estar delineada. À partida, Valverde, Quintana e Rui Costa não se devem sacrificar por ninguém. O espanhol e o colombiano devem ser protegidos com vista a classificação geral e o português deve começar com liberdade para ver como rende nas primeiras etapas de montanha.

Durante este ano, Valverde e Rui Costa tem coincidido pouco na estrada, o que representa um grande reconhecimento dos responsáveis da Movistar no Rui. São dois fantásticos ciclistas e ambos são excelentes opções para procurar vitória. Não faria sentido queimar um pelo outro.

Conclusão

Não deve o Eusebio Unzué sacrificar o Rui Costa, mas também não devemos esperar que o Valverde ou o Quintana se empenhem em defender o lugar de um companheiro fora dos dez primeiros.

A Movistar deve ter os seus objetivos bem claros: um homem no pódio e vitórias de etapa. Para o primeiro tem em Valverde e Quintana dois homens que, no melhor das suas capacidades, poderão lutar por ele. Se este objetivo ficar fora de alcance, buscarão a vitória numa etapa, tal como no ano passado, e não devemos esperar que se a equipa se juntem para defender ou tentar chegar a um 15º lugar. O próprio Rui Costa sabe que uma vitória é mais importante - e por isso a procurou durante toda a última semana do último Tour - e todo o pelotão (e a caravana que o segue) sabe que o Rui é capaz de fazer uma grande Volta a França.

Tudo isto são conjeturas para o que se pode passar em julho, mas para já temos o Rui Costa a bater-se pela vitória na Volta à Suíça. Para acompanharem a prova podem ficar atentos ao nosso Facebook, onde vamos deixando links diários para acederem às transmissões da prova.

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