domingo, 27 de abril de 2014

Todos por Simon Gerrans

Kwiatkowski, Gerrans e Valverde, um trio que já se conhece de outras paragens
Simon Gerrans, excelente ciclista, com um palmarés invejável, ganhou a Liège-Bastogne-Liège mais sonsa dos últimos largos anos, em que os principais favoritos não atacaram, permitindo um pelotão muito grande à entrada da subida para a meta.

Muitos são os Monumentos que se convertem em cartazes do ciclismo, evidenciando o melhor que este desporto tem, mas não foi o caso da Liège-Bastgone-Liège de hoje. A subida a La Redoute foi morna como de resto já era esperado, mas foi na Roche-aux-Faucons que se começou a ver que a prova seria mais fria que nos últimos anos. 

Reconhecendo as suas escassas hipóteses de vencer ao sprint, Julian Arredondo e Domenico Pozzovivo atacaram nesse ponto-chave da corrida, de onde saiu em 2009 o ataque vitorioso de Andy Schleck e em 2011 o ataques dos irmãos luxemburgueses que acabariam batidos pelo seu acompanhante Philippe Gilbert. Houve escaramuças, mexidas, respostas, mas Arredondo (que já tinha atacado em La Redoute) e Pozzovivo eram os únicos que estavam determinados em levar avante o seu ataque, enquanto os adversários olhavam para trás a cada duas pedaladas que davam. Um com 1.65m de altura, outro com 1.64m, foram alcançados na descida. 

No final da Côte des Saint-Nicolas o grupo principal era tão numeroso como no final do Poggio, na Milano-Sanremo. E foi a Orica quem assumiu o comando do grupo, precisamente para um ciclista que já venceu a Milano-Sanremo: Simon Gerrans. Giampaolo Caruso e (novamente) Domenico Pozzovivo foram os únicos a atacar, enquanto todos os outros optaram por guardar as suas forças para um lugar no top-10.

A última vez que um italiano venceu um Monumento foi no Giro di Lombardia 2008 (Damiano Cunego) e o duo transalpino Caruso-Pozzovivo esteve próximo de terminar com este jejum. Á entrada da subida para a meta a vantagem era de dez segundos mas ninguém ousava atacar lá atrás. Estavam todos de acordo com o esforço da Orica em levar Gerrans para o sprint, principalmente Roman Kreuziger, gregário soberbo de Contador no último Tour e hoje a fazer um excelente trabalho para Gerrans. E continua na Tinkoff-Saxo.

Dan Martin atacou em busca da sua segunda vitória consecutiva e chegou mesmo a Caruso, mas caiu na última curva, uma queda lamentável. Alejandro Valverde mostrou mais uma vez umas pernas de excelente nível mas uma leitura tática nula. Deixou sair Dan Martin, não se mexeu na fase mais dura da subida e apenas foi atrás dos fugitivos na parte mais plana. Tarde demais para desfazer-se de Simon Gerrans e lançando na perfeição o sprint do australiano. Não fosse a queda, talvez já fosse tarde demais para chegarem a Martin, mas hoje houve muita gente a correr em prol de Gerrans.

Valverde foi segundo, o seu sexto pódio nesta prova, quinto que conta, e Michal Kwiatkowski foi terceiro. O espanhol foi 4º-1º-2º ao longo desta semana e o polaco 5º-3º-3º. Caruso e Pozzovivo, dois dos poucos que fizeram pela vida, ficaram nos lugares imediatamente seguintes.

Simon Gerrans tem agora dois monumentos, vitórias de etapa em todas as grandes voltas, três Tour Down Under, um GP de Québec e um GP Ouest France, tudo World Tour. Tem ainda pódios na Amstel Gold Race e Clásica de San Sebastián. É um ciclista fantástico, mas esta Liège-Bastogne-Liège esteve longe de ser fantástica.

Rui Costa desistiu após queda. Nada de muito grave e espera-se que esteja na Volta à Romandia que começa terça-feira. Tiago Machado foi 17º a 12 segundos de Gerrans, na sua estreia na Liège-Bastogne-Liège.

Classificação completa aqui

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