3º e 2º no último Tour, Purito e Quintana são os principais candidatos para este Giro |
Favoritos
O principal candidato à vitória é Nairo Quintana, a grande revelação da Volta a França do ano passado, com segundo lugar, vitória de etapa, classificação da montanha e juventude. Este ano foi mandado para o Giro pelo patrão da equipa, Alejandro Valverde. O Tour fica a perder, mas os organizadores do Giro agradecem, porque Quintana é um ciclista que encanta e acrescenta sempre algo às provas em que está presente.
Trepador de excelência, inteligente e combativo, continuo a dizer que o seu ponto fraco não é o contrarrelógio (per se) nem as descidas (a técnica), mas sim a falta de peso, o que não é exatamente o mesmo. Numa descida rápida (poucas curvas) claro que não consegue impor o mesmo ritmo dos ciclistas mais pesados, mas numa descida mais técnica (com mais curvas) não será fácil deixarem-no para trás. Nos contrarrelógios o problema também não será o posicionamento sobre a bicicleta como Purito ou Andy Schleck. Num contrarrelógio para especialistas não conseguirá impor um ritmo de rolador porque não tem tamanho para isso, mas num contrarrelógio mais acidentado (nem precisa de ser cronoescalada) ou num crono curto defende-se bem. No crono final do Tirreno-Adriático (9 km planos) foi 20º, batendo todos os homens da geral, como Péraud, Kreuziger e até Contador. Por outro lado, a falta de peso permite que seja um dos melhores e mais espetaculares trepadores da atualidade.
Conta com o apoio de uma equipa excelente, com Castroviejo, Amador, Gorka Izagirre e sobretudo Igor Antón e José Herrada, 12º na última Vuelta.
O outro grande candidato à vitória é Joaquim Rodríguez, que já sabe o que é subir ao pódio nas três grandes voltas mas ainda não conhece o sabor do triunfo e já perdeu boas oportunidades para isso, nomeadamente em 2012. Perdeu esse Giro por 14 segundos para Hesjedal, tendo o canadiano ganho 61 segundos nos dois contrarrelógios individuais da prova, o que dá 1,7 segundos por quilómetro de contrarrelógio. E a Vuelta perdeu num dia em que Contador foi mais inteligente, astuto e audaz que o até então líder e até ao final melhor trepador em prova.
Tal como Quintana, Rodríguez conta com uma guarda de luxo, capitaneada por Dani Moreno, e ainda com Giampaolo Caruso mas também os fiéis e amigos Losada e Vicioso, porque Purito é do tipo de chefe-de-fila que mete cunha.
Já são 37 completos e os anos não jogam a seu favor, mas Cadel Evans foi terceiro na edição de 2013 e vem de uma excelente vitória no Giro del Trentino. No Tour falhou redondamente, mas acredito que tenha sido sobretudo devido ao cansaço acumulado em maio. Já passou os seus melhores anos, haverá um dia em que as pernas lhe vão dizer que a sua época chegou ao fim, mas talvez ainda vá a tempo de vencer um Giro (ou pelo menos repetir o pódio), ele que já venceu o Tour e os mundiais, sendo o único ciclista no ativo que se pode gabar de tal feito. E antes dele é preciso recuar até Armstrong, ou - porque Armstrong nunca venceu o Tour - até Greg Lemond. Não é para qualquer um. Entre os candidatos ao pódio, é teoricamente o mais forte no contrarrelógio.
A Omega Pharma-Quick Step não entra numa grande volta com ambições para a geral desde que Stijn Devolder decidiu atacar o top-10 do Tour 2008, acabando por desistiu no final da segunda semana, depois de desiludir nas montanhas. Rigoberto Urán, segundo no último Giro, é o chefe-de-fila da equipa belga para esta prova, numa equipa que não conta com Mark Cavendish. As presenças de De Gendt (3º em 2012, numa exibição sem precedentes nem continuação) e Wout Poels mostram que a equipa tem realmente um compromisso com Urán. Também a presença de Gianluca Brambilla, 13º em 2012 com 25 anos, mas que ainda não conseguiu dar continuação a esse resultado desde que foi para a Omega Pharma.
O quarto lugar no contrarrelógio da Volta à Romandia (depois de claudicar nas montanhas) é o único bom indicador de Urán desde a Volta a Omã (3º) em fevereiro.
Daniel Martin venceu a Volta à Catalunha, a Liège-Bastogne-Liège e uma etapa no Tour do ano passado, mas o melhor que fez numa grande volta foi em 2011, 13º na Vuelta. Por várias vezes se mostrou como uma grande trepador, fez do Giro o seu grande objetivo da temporada (por passar na Republica da Irlanda) e diz que até fez estagio em altitude para o preparar, algo que não é costume para ele. Por outro lado, está na Garmin, com tudo o que isso significa. Pode ser que vença como Ryder Hesjedal em 2012, que lute pelo pódio até final, que desapareça logo na primeira semana ou que esteja na luta até aos últimos dias e então lhe dê uma gripe qualquer, uma nova alergia ou algo de género e desapareça.
A Garmin tem ainda Ryder Hesjedal (que não é favorito mas também não era em 2012 e venceu) e o único português em prova, André Cardoso.
Michele Scarponi é o habitué deste tipo de artigos, ano após ano. E também dos balanços que se fazem no final: 2º em 2011 (depois vencedor), e 4º em 2010, 2012 e 2013. Regular na Andaluzia (9º), Tirreno-Adriático (9º) e Giro del Trentino (8º), chegou a altura do ano em que se espera que esteja na melhor forma para atacar o pódio. Janez Brajkovic poderá ser um ciclista a ter em conta para os primeiros lugares mas para isso terá que estar ao nível que lhe valeu o nono posto no Tour 2012 e existe uma grande expetativa para ver do que será capaz Fabio Aru - grande promessa italiana - depois dos problemas físicos que o condicionaram no ano passado, ele que foi 4º e 7º nos dois últimos Giri del Trentino.
Não há muito a dizer sobre Ivan Basso este ano. Apagado, o seu melhor resultado foi o 13º lugar no GP de Lugano e em provas por etapas não foi além do 24º posto no Tirreno-Adriático. Mas na Vuelta a España do ano passado, até desistir nos Pirenéus devido ao gelo, mostrou que ainda se sabe preparar para as provas importantes ao ponto de subir entre os melhor (e descarregar alguns deles). A caminho dos 37 anos, a idade também já não joga a seu favor e a sua equipa deixa muito a desejar.
A Ag2r tem um dos homens que, estando em boa condição, mais pode animar as etapas de montanha, Domenico Pozzovivo, 10º no ano passado, 6º na Vuelta, recentemente 2º no Giro del Trentino e 5º na Liège-Bastogne-Liège. Apesar de não ter o estatuto de candidato, porque não tem o palmarés dos seus adversários, não seria estranho vê-lo a ameaçar os lugares de pódio. Chega ao Giro com 33 dias de competição, mais do que qualquer um dos outros homens com aspirações aos primeiros lugares.
Os polacos Przemyslaw Niemiec e Rafal Majka (diz-me Maika) são dois homens com ambições de melhorar os seus excelentes desempenhos do ano passado, quando foram 6º e 7º. Mas além de Majka, a Tinkoff também tem Nicolas Roche (5º na Vuelta 2013), e além de Niemiec, a Lampre tem Damiano Cunego (com bom desempenho no País Basco) e Diego Ulissi, que nas grandes provas não tem conseguido cumprir as expetativas criadas pelas suas prestações nas provas menores.
Wilco Kelderman (23 anos) será um dos jovens a seguir com mais atenção, também Davide Villella na Cannondale e o já referido Fabio Aru. A Trek apresenta também três ciclistas muito interessantes. Robert Kiserlovski foi 15º no ano passado, 17º e braço-direito de Horner na Vuelta e 7º no Tirreno-Adriático deste ano, um bom trepadores e regular contrarrelogista que parece ter ainda algo mais para mostrar; Julian Arredondo, que teve a presença em risco devido ao visto mas estará presente e é um trepador de qualidade e combatividade; e Riccardo Zoidl, o austríaco que no ano passado venceu o Ranking Continental Europeu.
***** Quintana e Rodríguez
**** Evans e Uran
*** Dan Martin, Scarponi, Ivan Basso e Pozzovivo
** Hesjedal, Niemiec, Majka e Roche
Possíveis revelações: Kelderman, Aru e Arredondo
Elia Viviani e Nacer Bouhanni, que poderão estar entre os melhores sprinters da próxima década, buscam os seus primeiros triunfos em grandes voltas. Michael Matthews, Ben Swift, Edvald Boasson Hagan, Tyler Farrar, Giacomo Nizzolo e o veteraníssimo Alessando Petacchi completam a lista de sprinters a destacar. Todos eles terão hipóteses de conquistar resultados importantes, mas também pode ser Kittel esteja num nível superior e leve três ou quatro ou que algum jovem desponte como John Degenkolb na Vuelta de 2012 (se bem que não era o desconhecido).
Tal como Quintana, Rodríguez conta com uma guarda de luxo, capitaneada por Dani Moreno, e ainda com Giampaolo Caruso mas também os fiéis e amigos Losada e Vicioso, porque Purito é do tipo de chefe-de-fila que mete cunha.
Já são 37 completos e os anos não jogam a seu favor, mas Cadel Evans foi terceiro na edição de 2013 e vem de uma excelente vitória no Giro del Trentino. No Tour falhou redondamente, mas acredito que tenha sido sobretudo devido ao cansaço acumulado em maio. Já passou os seus melhores anos, haverá um dia em que as pernas lhe vão dizer que a sua época chegou ao fim, mas talvez ainda vá a tempo de vencer um Giro (ou pelo menos repetir o pódio), ele que já venceu o Tour e os mundiais, sendo o único ciclista no ativo que se pode gabar de tal feito. E antes dele é preciso recuar até Armstrong, ou - porque Armstrong nunca venceu o Tour - até Greg Lemond. Não é para qualquer um. Entre os candidatos ao pódio, é teoricamente o mais forte no contrarrelógio.
A Omega Pharma-Quick Step não entra numa grande volta com ambições para a geral desde que Stijn Devolder decidiu atacar o top-10 do Tour 2008, acabando por desistiu no final da segunda semana, depois de desiludir nas montanhas. Rigoberto Urán, segundo no último Giro, é o chefe-de-fila da equipa belga para esta prova, numa equipa que não conta com Mark Cavendish. As presenças de De Gendt (3º em 2012, numa exibição sem precedentes nem continuação) e Wout Poels mostram que a equipa tem realmente um compromisso com Urán. Também a presença de Gianluca Brambilla, 13º em 2012 com 25 anos, mas que ainda não conseguiu dar continuação a esse resultado desde que foi para a Omega Pharma.
O quarto lugar no contrarrelógio da Volta à Romandia (depois de claudicar nas montanhas) é o único bom indicador de Urán desde a Volta a Omã (3º) em fevereiro.
Daniel Martin venceu a Volta à Catalunha, a Liège-Bastogne-Liège e uma etapa no Tour do ano passado, mas o melhor que fez numa grande volta foi em 2011, 13º na Vuelta. Por várias vezes se mostrou como uma grande trepador, fez do Giro o seu grande objetivo da temporada (por passar na Republica da Irlanda) e diz que até fez estagio em altitude para o preparar, algo que não é costume para ele. Por outro lado, está na Garmin, com tudo o que isso significa. Pode ser que vença como Ryder Hesjedal em 2012, que lute pelo pódio até final, que desapareça logo na primeira semana ou que esteja na luta até aos últimos dias e então lhe dê uma gripe qualquer, uma nova alergia ou algo de género e desapareça.
A Garmin tem ainda Ryder Hesjedal (que não é favorito mas também não era em 2012 e venceu) e o único português em prova, André Cardoso.
Michele Scarponi é o habitué deste tipo de artigos, ano após ano. E também dos balanços que se fazem no final: 2º em 2011 (depois vencedor), e 4º em 2010, 2012 e 2013. Regular na Andaluzia (9º), Tirreno-Adriático (9º) e Giro del Trentino (8º), chegou a altura do ano em que se espera que esteja na melhor forma para atacar o pódio. Janez Brajkovic poderá ser um ciclista a ter em conta para os primeiros lugares mas para isso terá que estar ao nível que lhe valeu o nono posto no Tour 2012 e existe uma grande expetativa para ver do que será capaz Fabio Aru - grande promessa italiana - depois dos problemas físicos que o condicionaram no ano passado, ele que foi 4º e 7º nos dois últimos Giri del Trentino.
Não há muito a dizer sobre Ivan Basso este ano. Apagado, o seu melhor resultado foi o 13º lugar no GP de Lugano e em provas por etapas não foi além do 24º posto no Tirreno-Adriático. Mas na Vuelta a España do ano passado, até desistir nos Pirenéus devido ao gelo, mostrou que ainda se sabe preparar para as provas importantes ao ponto de subir entre os melhor (e descarregar alguns deles). A caminho dos 37 anos, a idade também já não joga a seu favor e a sua equipa deixa muito a desejar.
A Ag2r tem um dos homens que, estando em boa condição, mais pode animar as etapas de montanha, Domenico Pozzovivo, 10º no ano passado, 6º na Vuelta, recentemente 2º no Giro del Trentino e 5º na Liège-Bastogne-Liège. Apesar de não ter o estatuto de candidato, porque não tem o palmarés dos seus adversários, não seria estranho vê-lo a ameaçar os lugares de pódio. Chega ao Giro com 33 dias de competição, mais do que qualquer um dos outros homens com aspirações aos primeiros lugares.
Os polacos Przemyslaw Niemiec e Rafal Majka (diz-me Maika) são dois homens com ambições de melhorar os seus excelentes desempenhos do ano passado, quando foram 6º e 7º. Mas além de Majka, a Tinkoff também tem Nicolas Roche (5º na Vuelta 2013), e além de Niemiec, a Lampre tem Damiano Cunego (com bom desempenho no País Basco) e Diego Ulissi, que nas grandes provas não tem conseguido cumprir as expetativas criadas pelas suas prestações nas provas menores.
Wilco Kelderman (23 anos) será um dos jovens a seguir com mais atenção, também Davide Villella na Cannondale e o já referido Fabio Aru. A Trek apresenta também três ciclistas muito interessantes. Robert Kiserlovski foi 15º no ano passado, 17º e braço-direito de Horner na Vuelta e 7º no Tirreno-Adriático deste ano, um bom trepadores e regular contrarrelogista que parece ter ainda algo mais para mostrar; Julian Arredondo, que teve a presença em risco devido ao visto mas estará presente e é um trepador de qualidade e combatividade; e Riccardo Zoidl, o austríaco que no ano passado venceu o Ranking Continental Europeu.
***** Quintana e Rodríguez
**** Evans e Uran
*** Dan Martin, Scarponi, Ivan Basso e Pozzovivo
** Hesjedal, Niemiec, Majka e Roche
Possíveis revelações: Kelderman, Aru e Arredondo
Sprinters
O percurso deste ano até inclui oito etapas teoricamente para sprinters, mas são poucos os grandes velocistas inscritos. Marcel Kittel será a principal referência, com uma equipa pensada no seu lançamento e Luka Mezgec (vencedor de três etapas na Catalunha) como braço-direito. O alemão tem quatro vitórias na presente temporada, tantas como na última Volta a França.Elia Viviani e Nacer Bouhanni, que poderão estar entre os melhores sprinters da próxima década, buscam os seus primeiros triunfos em grandes voltas. Michael Matthews, Ben Swift, Edvald Boasson Hagan, Tyler Farrar, Giacomo Nizzolo e o veteraníssimo Alessando Petacchi completam a lista de sprinters a destacar. Todos eles terão hipóteses de conquistar resultados importantes, mas também pode ser Kittel esteja num nível superior e leve três ou quatro ou que algum jovem desponte como John Degenkolb na Vuelta de 2012 (se bem que não era o desconhecido).
Dias de competição dos favoritos:
Domenico Pozzovivo 33
Rigoberto Urán 30
Cadel Evans 28
Ivan Basso 27
Joaquim Rodríguez 27
Michele Scarponi 25
Nairo Quintana 24
Przemyslaw Niemiec 22
Rafal Majka 21
Nicolas Roche 21
Ryder Hesdejal 20
Daniel Martin 18
Recorde de vitórias na classificação do Giro:
Alfredo Binda - 5
Fausto Coppi - 5
Eddy Merckx - 5
...
Ivan Basso - 2
Damiano Cunego - 1
Michele Scarponi - 1
Ryder Hesjedal - 1
Mais vitórias em etapa no Giro:
Mario Cipollini - 42
Alfredo Binda - 41
Learco Guerra - 31
...
Alessandro Petacchi - 22
*****
Já se podem inscrever na liga do Carro Vassoura no Velogames, com o código: 06231636.
Quem não conhece, pode entrar no site do Velogames, registar-se (create a new account) de forma gratuíta, ver o sistema de pontuações (aqui), escolher nove ciclistas para a sua equipa (aqui) e entrar na liga Carro Vassoura, leitores, amigos e curiosos, com o código 06231636. Depois, quantos mais pontos os vossos ciclistas somarem, melhor a vossa classificação.
Vão ver que é engraçado acompanhar o progresso da vossa equipa e não esquecerão o dia em que fizeram top-73 no Giro do Velogames, top-4 na liga Carro Vassoura, leitores, amigos e curiosos, ou um top-qualquer-coisa-que-vos agrade. Pelo menos, que se divirtam, que é o objetivo.
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