Muito se passou entretanto, mas um ano depois Chris Froome e Alberto Contador voltam a ser os principais candidatos à vitória na antevisão da Volta a França, numa edição com muitos ciclistas que podem lutar pelos lugares cimeiros e, sem estes dois extraterrestres, poderia ser uma das grandes voltas mais abertas dos últimos anos.
O Tour deste ano apresenta um percurso diversificado (pode ser visto aqui). Terá etapas planas como sempre, uma etapa com vários setores de pavé, várias etapas rompe-pernas, etapas de média-montanha e cinco chegadas em alto, entre Vosges, Pirenéus e Alpes. Não são chegadas em rampa ou chegadas monosubida como se tem vindo a banalizar na Vuelta, mas verdadeiras etapas de montanha e chegadas em montanhas de primeira e especial categoria. Tem também um contrarrelógio no penúltimo dia mas ninguém se pode queixar de que falta terreno para os trepadores.
O Tour deste ano apresenta um percurso diversificado (pode ser visto aqui). Terá etapas planas como sempre, uma etapa com vários setores de pavé, várias etapas rompe-pernas, etapas de média-montanha e cinco chegadas em alto, entre Vosges, Pirenéus e Alpes. Não são chegadas em rampa ou chegadas monosubida como se tem vindo a banalizar na Vuelta, mas verdadeiras etapas de montanha e chegadas em montanhas de primeira e especial categoria. Tem também um contrarrelógio no penúltimo dia mas ninguém se pode queixar de que falta terreno para os trepadores.
Chris Froome (Sky)
ganhou a Volta a França do ano passado com larga margem e parte em busca da dobradinha. No dia em que ficou
sem colegas de equipa nos Pirenéus apoiou-se no seu diretor desportivo Nicolas
Portal (que o acompanhava pelo auricular) e mostrou uma grande frieza. No
contrarrelógio foi o melhor dos aspirantes à vitória e na montanha também nunca
teve a sua liderança em risco. Porém, 2014 não está a correr tão bem como 2013.
Venceu a Volta a Omã mas falhou o Tirreno-Adriático por lesão nas
costas. Na Catalunha foi 6º, não mostrando a facilidade em atacar do ano
anterior, mas na Romandia voltou aos triunfos. No Critérium du Dauphiné venceu
nos dois primeiros dias (crono curto e chegada em alto) mas deitou tudo a
perder no último fim de semana. Talvez tenha sido pela queda que sofreu antes
das duas etapas decisivas, mas só no Tour ficaremos a saber.
Alberto Contador
(Tinkoff-Saxo) fez um percurso bastante diferente de Froome. 2013 foi uma completa
desilusão e apenas obteve uma vitória, uma etapa no Tour de San Luis. No Tour
foi quarto e parecia que não era o mesmo antes e após a suspensão, mas sabe o que tem
que fazer para estar a 100% e este ano voltou ao topo. Já conta com seis
triunfos, incluindo Tirreno-Adriático (+ 2 etapas) e Volta ao País Basco.
Esteve também perto de venceu o Dauphiné, mas acabou por ser segundo, repetindo
o posto de 2010.
No Dauphiné Contador sentiu uma enorme falta de apoio da
sua equipa quando mais precisou e este fim de semana perdeu Roman Kreuziger, seu braço-direito no ano passado. Por seu turno, Froome perdeu Sergio Henao, que fraturou a rótula durante a Volta à Suíça e
não deverá regressar à competição antes de 2015. Richie Porte foi o
braço-direito no ano trasato mas esta temporada tem sido de altos e baixos. De qualquer forma, Froome tem
à sua disposição outros bons trepadores como Mikel Nieve e David López e apesar de não parecer uma equipa tão forte como a de 2012 (Wiggins, Froome, Porte e Rogers), é superior à Tinkoff-Saxo. Os principais apoios de Contador na montanha deverão ser Michael Rogers, Nicolas Roche e Rafal Majka, mas todos estiveram no Giro e o polaco inclusive mostrou publicamente que não queria estar no Tour. Depois do sexto lugar no Giro, queria descansar e preparar o ataque à Vuelta mas foi chamado à última hora para substituir Kreuziger.
Num outro escalão está Vincenzo Nibali (Astana), cuja cotação vinha em queda mas ganhou novo alento com o título nacional conquistado este sábado. Se para outros voltistas os títulos dos seus países não lhes dizem nada, para Nibali vestir a maglia tricolore era um sonho agora alcançado.
Até ao título italiano, 2014 estava a ser um ano muito aquém das expetativas para o vencedor do Giro 2013 e segundo na Vuelta. O 5º lugar na Volta à Romandia e o 7º no Dauphiné são os melhores resultados em provas por etapas até ao momento, mas é um ciclista que não costuma falhar na sua preparação. Desde 2009, em oito grandes voltas disputadas tem duas vitórias e mais quatro pódios. O pior resultado em provas de três semanas neste período foram dois sétimos lugares. Nunca venceu o Tour como Froome e Contador, não tem mostrado este ano o nível destes dois mas têm algo que os seus maiores adversários não têm: um percurso e uma evolução coerentes.
Até ao título italiano, 2014 estava a ser um ano muito aquém das expetativas para o vencedor do Giro 2013 e segundo na Vuelta. O 5º lugar na Volta à Romandia e o 7º no Dauphiné são os melhores resultados em provas por etapas até ao momento, mas é um ciclista que não costuma falhar na sua preparação. Desde 2009, em oito grandes voltas disputadas tem duas vitórias e mais quatro pódios. O pior resultado em provas de três semanas neste período foram dois sétimos lugares. Nunca venceu o Tour como Froome e Contador, não tem mostrado este ano o nível destes dois mas têm algo que os seus maiores adversários não têm: um percurso e uma evolução coerentes.
Alejandro Valverde
é um dos ciclistas mais obcecados pelo Tour, onde se estreou em 2005 e desde
então nunca falhou a prova francesa por opção própria. Ano após ano aponta baterias
para o Tour e, depois de falhar, vira-se para a Vuelta, prova que venceu em 2009… ano
em que não correu o Tour… devido à OP, nunca por escolha sua. Se há adeptos que pensam que só existe o
Tour, também há ciclistas que preferem um 5º ou 6º lugar no Tour do que
uma vitória no Giro e Valverde é um deles. À parte disso, é um excelente
ciclista, um dos melhores da última década e uma referência desta geração. É
difícil imagina-lo a vencer o Tour pois não é o mais forte na montanha nem no
contrarrelógio e tem uma grande aptidão para perder tempo onde ninguém espera, mas em caso de Froome e Contador falharem será um do principais
candidatos. Tem oito vitórias em 2014, entre elas a Flèche Wallone.
A Belkin procura novo patrocinador e para essa luta tem duas armas: ser equipa holandesa – país com forte cultura de bicicleta – e Bauke Mollema, que pode aspirar alto no Tour. No ano passado entrou muito forte e depois foi decaindo, terminando ainda assim no sexto lugar, algo que pode melhorar este ano. O recente terceiro lugar na Volta à Suíça (e em especial o rendimento nas etapas de montanha) evidencia um bom estado de forma.
Um jovem a seguir com atenção é Andrew Talansky (Garmin), de 24 anos. O recente vencedor do Dauphiné foi 10º no Tour do ano passado, é bom trepador, bom contrarrelogista, regular e tem uma forte equipa.Entre eles o também jovem Rohan Dennis (Dennis não disputará a prova) e o estreante mas já com 28 anos Janier Acevedo, que podem surpreender muita gente neste Tour.
Quinto há dois anos, Tejay
Van Garderen (BMC) é outro candidato aos lugares cimeiros. No ano passado
desiludiu mas para este ano decidiu mudar a preparação, abdicando da Volta à
Califórnia. Venceu uma etapa e foi 3º na Catalunha. Começou por destacar-se como contrarrelogista mas acabou por evoluir na montanha e, estando em forma, poderá ser um dos melhores também na montanha.
A Belkin procura novo patrocinador e para essa luta tem duas armas: ser equipa holandesa – país com forte cultura de bicicleta – e Bauke Mollema, que pode aspirar alto no Tour. No ano passado entrou muito forte e depois foi decaindo, terminando ainda assim no sexto lugar, algo que pode melhorar este ano. O recente terceiro lugar na Volta à Suíça (e em especial o rendimento nas etapas de montanha) evidencia um bom estado de forma.
Um jovem a seguir com atenção é Andrew Talansky (Garmin), de 24 anos. O recente vencedor do Dauphiné foi 10º no Tour do ano passado, é bom trepador, bom contrarrelogista, regular e tem uma forte equipa.
Rui Costa, claro. Se há um ano via nele “fortes hipóteses de top-10”, este ano não tenho qualquer
dúvida de quem tem a capacidade física e mental necessária para estar entre os
dez melhores. Não digo que o fará porque muita coisa pode acontecer (a ele ou a qualquer outro) ao longo das três semanas. Um dia
mau, um azar num momento inoportuno ou alguém que entra numa fuga e ganha tempo
valioso para entre nos 10 mais são coisas que esperamos não aconteçam, mas pode dar-se o caso. Em
condições normais Rui Costa deverá estar entre no top-10 da classificação final.
Apesar de não gostar de elevar a fasquia (já há milhares de portugueses a fazê-lo em demasia), não me surpreenderia se terminasse entre os cinco mais fortes, mas é preciso ter calma. Houve adeptos que o criticaram por ser segundo no Paris-Nice ou por não vencer a Volta à Suíça logo no primeiro dia, críticas injustas que não se deverão repetir nas próximas semanas. O “problema” do Rui é que não tem medo de dar a cara. Enquanto outros ciclistas preferem andar a lutar por vitórias em provas de terceira categoria, o Rui faz toda a temporada a correr na primeira categoria, que é o World Tour, onde estão os melhores do mundo. Além disso, já ultrapassou os limites do ciclismo e é hoje uma figura do desporto nacional, sendo também acompanhado por adeptos desportivos que não têm tanta noção de como funciona o ciclismo.
Apesar de não gostar de elevar a fasquia (já há milhares de portugueses a fazê-lo em demasia), não me surpreenderia se terminasse entre os cinco mais fortes, mas é preciso ter calma. Houve adeptos que o criticaram por ser segundo no Paris-Nice ou por não vencer a Volta à Suíça logo no primeiro dia, críticas injustas que não se deverão repetir nas próximas semanas. O “problema” do Rui é que não tem medo de dar a cara. Enquanto outros ciclistas preferem andar a lutar por vitórias em provas de terceira categoria, o Rui faz toda a temporada a correr na primeira categoria, que é o World Tour, onde estão os melhores do mundo. Além disso, já ultrapassou os limites do ciclismo e é hoje uma figura do desporto nacional, sendo também acompanhado por adeptos desportivos que não têm tanta noção de como funciona o ciclismo.
Rui Costa ao ataque na Volta à Suíça |
Fortes candidatos a integrar o top-10 final são também Jakob Fuglsang, braço-direito de Nibali
na Astana e sétimo no ano passado, Richie
Porte, que ocupa o mesmo papel para Froome, Laurens Ten Dam (Belkin), Chris Horner (Lampre), Jurgen Van Den Broeck (Lotto), Frank
Schleck (Trek), Jean-Christophe Péraud (Ag2r) e Joaquim Rodríguez (Katusha), que fraturou costelas nas Ardenas, desistiu
no Giro por queda, deveria poupar-se para estar a 100% na Vuelta mas em vez
disso vai lutar por etapas no Tour.
Com maior curiosidade espero para ver o rendimento de
alguns joven: Romain Bardet,
(Ag2r), foi recentemente quinto no Dauphiné; Thibaut
Pinot (FD) poderá estar de regresso ao topo, agora que parece ter perdido o
medo das descidas; Michal Kwiatkowski
(Omega Pharma) viu-se afetado por um vírus no Dauphiné mas foi uma das
grandes (a maior) revelações do começo do ano. Menos jovem mas ainda com 27
anos, Mathias Frank (IAM), que se
estreia no Tour depois de uma série de boas prestações em provas de uma semana,
sobretudo a Volta à Suíça (2º este ano).
***** Froome e Contador
**** Nibali e Valverde
*** Mollema, Talansky, Costa e Van Garderen
** Kwiatkowski,
Fuglsang, Van Den Broeck, Purito, Bardet e Pinot
Portugueses
Haverá cinco portugueses neste Tour, um número há muito não registado. Para encontrar mais portugueses em prova na Volta a França é preciso recuar a 1984, ano em que o Sporting-Raposeira fez alinhar Marco Chagas, Eduardo Correia, Benedito Ferreira, Carlos Marta, José Xavier, Manuel Zeferino e Paulo Ferreira, que inclusive venceu uma etapa.Além de Rui Costa, na Lampre estará o duplo campeão nacional Nelson Oliveira, primeiro campeão de fundo luso a correr Tour desde Acácio da Silva em 1986. Na Tinkoff-Saxo estará Sérgio Paulinho, a caminho da sua sétima participação, desempatando assim com Acácio da Silva e ficando apenas com Joaquim Agostinho pela frente. Tanto Paulinho como Nelson Oliveira terão a missão de proteger os seus líder, respetivamente Contador e Rui Costa.
Com maior liberdade estarão Tiago Machado e José Mendes pela NetApp-Endura. A principal aposta da equipa é Leopold Konig, vencedor de uma etapa e 9º na geral da última Vuelta, mas não se espere que a NetApp entre nas montanhas a puxar pelo pelotão para lançar o checo à vitória. No seguimento da excelente temporada que está a fazer, o Tiago deverá entrar na prova com total liberdade e com o passar dos dias logo se verá o que pode alcançar cada um deles.
Lista de incritos (ainda não oficial) aqui.
Depois do ouro e do bronze, Nelson Oliveira e Tiago Machado estarão no Tour |
Um-por-um
Nenhuma equipa se apresenta aqui com vários ciclistas que possam aspirar à vitória final. Equipas como a T-Mobile de Ullrich e Klöden, a Discovery Channel de Contador e Leipheimer ou a CSC de Frank Schleck e Carlos Sastre causavam dores de cabeça aos seus adversários porque se um atacava havia sempre um plano B que ficava a aproveitar o esforço dos adversários. À partida para este Tour não vemos nenhuma equipa nestas condições.No entanto, apesar de apenas contar com um candidato à vitória, Team Sky e Astana (Fuglsang, Kangert e Scarponi para ajudar Nibali) são as únicas equipas que parecem ter condições para dinamitar a corrida ou controla-la na montanha. Caso Contador, Valverde ou outro candidato ao pódio conquiste a camisola amarela logo nas primeiras chegadas em alto, a sua equipa terá que penar muito para defender a liderança. Apesar de nenhuma equipa ter vários ases, há muitos naipes neste baralho e consequentemente muitos ases para atacar.
De qualquer forma, todos quererão ganhar tempo aos seus favoritos desde o primeiro dia. Se depois poderem dar a camisola amarela a um ciclistas menos cotado que entre numa fuga, tudo certo. Mas entre os candidatos aos primeiros lugares não há abébias.
Transmissão
A Volta a França deste ano terá novamente transmissão na RTP 2, o que é uma excelente notícia. Para que o ciclismo se divulgue é importante que seja transmitido em canal aberto e mais uma vez acontecerá. Ainda assim, quem tem outros serviços de televisão paga também poderá assistir em HD. Por exemplo, no Meo a RTP 2 HD é o canal 802.A prova também será transmitida no Eurosport.
Um dos comentadores do Eurosport publicou no seu Facebook que a TVI também iria transmitir a prova, mas é apenas mais uma mentira. Em cada país apenas uma estação tem os direitos para transmitir a prova, além do Eurosport que tem direitos internacionais. Em Portugal, como desde há muitos anos, a transmissão é da RTP.
Claro que os adeptos não são obrigados a saber que por cada país apenas uma estação. Apenas devem sentar-se e poder ver ciclismo com comentários honestos e, de preferência, com qualidade. No caso do Eurosport português a qualidade é duvidosa, a honestidade inexistente. Desta vez mentiu para que dentro de uns dias o público se sinta desiludido com os seus concorrentes que lhe têm retirado alguma audiência. A mitomania é assim mesmo, leva as pessoas a mentirem compulsivamente, perdendo a capacidade de distinguir a realidade das suas próprias mentiras.
Na RTP 2, todos os dias a partir das 13h10, com João Pedro Mendonça e Marco Chagas.
Velogames
Tal como no Giro e na Volta à Suíça, haverá Liga do Carro Vassoura no Velogames para esta Volta à Suíça e já se podem inscrever com o código 28151206.Para quem não conhece e não sabe no que consiste, não tem nada que enganar. Entram no site do Velogames, registam-se (create a new account) de forma gratuita, podem ver o sistema de pontuações (aqui) e escolher nove ciclistas para a equipa (aqui). Depois, na página da vossa equipa, têm o botão "Join League", entram e é ai que colocam o código 28151206 para entrar na liga dedicada aos leitores do Carro Vassoura. Depois, quantos mais pontos os vossos ciclistas somarem, melhor a vossa classificação.
No Giro eramos 113 participantes e no Tour o objetivo é de 150. Mas o objetivo principal é que se divirtam. No final, um de vós poderá gabar-se aos amigos que venceu este competição, feroz e amigável.
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