sábado, 23 de maio de 2015

Começa um novo Giro, nas mãos de Contador

Começaria depois da etapa de hoje um novo Giro. A Astana saiu das duas primeiras chegadas em alto com Aru, Landa e Cataldo bastante próximos e a Sky, apesar da superioridade de Porte nas montanhas, chegava ao contrarrelógio com o König à frente do australiano. Como estavam as coisas, era um esforço inútil tentar antever quem se sacrificaria por quem, uma vez que tudo dependeria do rendimento de cada um no crono. E o novo Giro que amanhã começa, está nas mãos de Contador.

A Landa, Cataldo e König, como a Aru e Porte, cabia-lhes hoje o mesmo: dar o seu melhor, para conseguir o melhor resultado possível e aumentar o leque de opções das suas equipas. Fabio Aru queria continuar na luta pela vitória, Porte queria reentrar depois de se afastar em duas jornadas que se anteviam fáceis mas não o foram, Landa e Cataldo queriam continuar a baralhar as contas, nem que fosse para lutar pelo pódio, e König, um pouco mais afastado, pretendia o mesmo. Kreuziger sobreviver na luta pelo pódio, Urán podia ambicionar um salto para muito próximo do primeiro posto, considerando aquilo que tem sido o seu rendimento nos contrarrelógios disputados desde o ano passado.

A mudança na direção do vento influenciou a luta pela etapa, com os homens da geral, últimos a realizar o seu crono, a saírem prejudicados na comparação com aqueles que o fizeram mais cedo. Bom, todos menos Contador.

O maglia rosa Fabio Aru fez um excelente contrarrelógio, ainda que não pareça. Aru perdeu apenas 16 segundos para Urán e ganhou tempo a Cataldo, Porte e Kreuziger, todos eles teoricamente muito melhores contrarrelogistas que Aru. Aliás, Cataldo já foi campeão nacional italiano e Porte é campeão em título da Austrália. Fabio Aru fica desiludido porque sabe ter ficado demasiado afastado de Contador, mas à partida para este Giro, olhando para o seu passando enquanto contrarrelogista, poucos diriam que ganharia tempo a estes adversários. Ainda que, para antever a sua prestação, mais do que olhar para o seu histórico, importava olhar para o histórico da modalidade e com base nisso, aí sim, era possível antever Aru a ganhar tempo à concorrência.

A grande exceção foi Alberto Contador, o único dos últimos homens a partir que conseguiu rivalizar com Vasil Kiryienka e Luis León Sánchez, mesmo tendo estes realizado a sua prova em condições mais favoráveis. Contador queixava-se ontem de um problema da perna, o que em Contadorês significa que podia ganhar o contrarrelógio, como ontem bem assinalava um seguidor ontem no Twitter.
O Alex apenas não contou com o vento

Alguns poderão dizer que é bluff de Contador. Mas bluff é uma estratégia que pretende enganar os adversários, e quando Contador fala apenas acreditam os seus fãs, tanto os que assistem em casa como aqueles que trabalham para os meios de propaganda.

Contador sai do contrarrelógio com 2'28'' de vantagem para Fabio Aru, e ainda que fique bem dizer que tudo está em aberto, será muito difícil que alguém retire a liderança ao espanhol, sempre muito regular em provas de três semanas. Mesmo quando não esteve na sua melhor condição, Contador foi sempre muito regular. Num nível um pouco inferior, mas regular. Pode perder o Giro por problemas mecânicos ou queda, é verdade que ainda falta um dia de descanso e Contador já perdeu um Tour num dia de descanso, mas não me parece que alguém lhe retire este Giro se não for por culpa própria.

A Astana, além de Fabio Aru a 2'28'', tem Dario Cataldo a 4'50'' e Mikel Landa a 4'55''. As hipóteses de sucesso são reduzidas, mas ao conjunto cazaque cabe tentar aproveitar Cataldo e Landa para provocar a rutura da Tinkoff e de Contador, uma vez que a equipa russa tem estado mais debilitada. Contador apenas conta com um Kreuziger que parece justo, Rogers ao seu nível e Ivan Basso em idade avançada, deixando espaço para outros atacarem. Não na última subida, mas mais distante da meta, para forçar à tal rutura da Tinkoff.

Andrey Amador é agora terceiro classificado e mesmo que se espere que desça vários lugares até final, está a ser um Giro superior a qualquer expectativa. Rigoberto Urán abriu a porta para chegar ao terceiro pódio consecutivo, ainda que tenha os ferimentos da sua queda em Imola (mas queixa-se menos). Jurgen Van Den Broeck, com um grande contrarrelógio e aproveitando os desaires alheios, sobe a quinto. O décimo está apenas a dois minutos do pódio e, com toda a montanha que ainda está pela frente, muitas voltas se irão dar entre este top-10, mas depois deste crono, Richie Porte perdeu as chances de vitória, as chances de pódio e até as chaves da autocaravana.

Amanhã haverá chegada a Madonna di Campiglio e inevitavelmente alguém desiludirá, porque é o que sempre acontece nas etapas mais duras de uma grande volta. Mas não será por hoje ter dado mais de si do que os oponentes, porque hoje todos deram tudo o que tinham, desde Contador a Landa ou Porte. Ninguém levanta o pé num contrarrelógio. A diferença é que Contador tinha muito mais para dar do que Landa e Porte.

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Relembrado que no menu do lado esquerdo está o mapa do Giro e através dele podem aceder ao artigo que tem os perfis das etapas.

A classificação do dia é esta e podem clicar em "general" para ver a geral:

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