sábado, 11 de julho de 2015

Depois do contrarrelógio coletivo se verá

Oi! Estou aqui, tudo bem?
Depois de Contador no Mur de Huy, Nibali deu hoje más indicações no Mûr-de-Bretagne. Amanhã fecha a primeira semana de um Tour até agora a correr na perfeição para Froome e Van Garderen, com um contrarrelógio coletivo que tem tudo para correr muito mal a alguns.

Contador e Nibali já deixaram más indicações no decorrer desta semana mas são apenas isso mesmo, indicações, e prova disso é que Contador, depois de perder tempo na segunda-feira, hoje já esteve com os melhores, e Nibali, que na segunda esteve no grupo principal, hoje cedeu. Também porque estas subidas curtas são muito distintas do que está por vir nos Pirenéus e Alpes.

Nesta primeira semana destacou-se a Lotto-Soudal com duas vitórias de André Greipel, mas sobretudo a Etixx-Quick Step com triunfos de Tony Martin (mais amarela), Zdenek Stybar e Mark Cavendish mas destaca-se também o facto de ter o campeão do mundo Kwiatkowski, o camisola amarela Martin, um ex-campeão mundial como Cav e figuras como Stybar e Urán, que estão indiscutivelmente entre os melhores do mundo, a sacrificarem-se, a trabalharem uns para os outros. Isto só é possível quando existe um grande espírito de união, o que por sua vez apenas é possível quando os chefes-de-fila são líderes no mais amplo sentido da palavra. Mark Cavendish tem o feitio que tem. Mas mais do que ser arrogante ou irreverente, é alguém que é autêntico. Que diz e demonstra o que pensa, seja para criticar duramente os seus companheiros ou para enormes elogios, seja para demonstrar a falta de paciência para o público ou para cortar entre a multidão para dar um abraço a um companheiro. Outros rodeiam-se de especialistas para criar uma imagem de meninos bonitos. Cavendish está-se nas tintas, demonstra a sua personalidade e claro que não se pode agradar a toda a gente.

A Tinkoff e a BMC têm estado muito bem na frente do pelotão, desgastando-se mas salvando os seus líderes de quedas. A Astana e a Sky têm sido mais comedidas, mas o resultado é muito bom, tal como é positivo para a Movistar. Infelizmente para a equipa cazaque, quando Nibali mais precisou dos seus companheiros, estavam atrasados devido a uma queda coletiva.

As grandes equipas têm um líder apenas e isso fica evidente quando vemos Porte, Majka, Fuglsang ou Dennis completamente alheados da classificação geral. A exceção é a Movistar, a defender também, e bem, Alejandro Valverde. O espanhol, sendo menos capaz que Quintana para este Tour, merece ser poupado e defendido como plano B.

Porém, ainda que os líderes estejam muito bem definidos, a forma como a alta montanha será abordada apenas poderia ser decidida depois do contrarrelógio coletivo, esse disparate já aqui criticado. Precisamente por poder correr muito mal.


Duas características fazem deste crono coletivo tão especial. A primeira, a mais óbvia, o dia, porque estando ao nono dia seria óbvio algumas equipas muito marcadas pelos abandonos. A segunda, as subidas, que mesmo não sendo montanhas podem tornar praticamente inúteis alguns corredores que subam pior. Isto é, quando chegarem à subida na qual está incluído o primeiro ponto intermédio, ainda que não seja uma grande montanha (e realço isto), será o suficiente para causar enormes diferenças de andamento entre aqueles que são trepadores e aqueles que sofrem neste terreno. Terão os diretores desportivos que decidir se abrandam e perdem ritmo para não perder homens ou se começam a deixar homens pelo caminho logo com doze quilómetros de prova, perdendo homens para não perder ritmo.

No caso de Sky, BMC, Tinkoff, Astana e Movistar, nada de especial a notar. Mas a Etixx de Rigoberto Urán, que poderia lutar pela vitória na etapa puxada pelo próprio Urán, Kwiatkowski, Vermote, Stybar e sobretudo Martin, perde o seu principal motor e entre os oito que sobram tem Cavendish e Renshaw, provavelmente dois para cederem logo na primeira metade. Pior ainda a Katusha de Purito Rodríguez, que perdeu Kozontchuk por queda e Luca Paolini por correr demasiados riscos, e entre os sete que restam tem Marco Haller e Guarnieri para sofrerem muito naquelas subidas para seguir ao ritmo dos trepadores, mas precisando estes de Haller e Guarnieri para a fase plana e a descida que segue.

Não vale a pena tentar tirar grandes previsões para a ordem das equipas amanhã com base do CRE do Critérium du Dauphiné, até porque a composição das equipas é outra, mas podemos olhar para os tempos. Se nesse dia no Dauphiné a 13ª já ficou a um minuto, então amanhã haverá ainda mais equipas a perder tempo importante e haverá ainda mais tempo a ser perdido.

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Quantos aos portugueses, como para os favoritos à geral final, não vale a pena grandes previsões. A José Mendes cabe procurar fugas nas etapas de média e alta montanha, mas a prova de Tiago Machado dependerá da posição de Purito no final do dia de amanhã e a prova de Rui Costa e Nelson Oliveira também dependerá daquilo que a formação italiana fizer amanhã e de que posição ocupar o campeão nacional.

Sem saber se o rendimento inferior ao esperado (para já) de Rui Costa se deve à queda sofrida ou à preparação feita, é evidente uma divisão na equipa. Nelson Oliveira e José Serpa estão com o Rui, os restantes não estão minimamente preocupados com ele. Inclusivamente já vimos Pozzato a trabalhar para Cimolai e não para o Rui e já vimos Durasek a ir para a fuga do dia, algo que não vimos em nenhuma equipa com ambições a uma boa geral (excepto Westra mas para apoiar Nibali nos pavés).

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Lembrando que ali do lado esquerdo está o acesso direto ao artigo que tem os perfis de todas as etapas, que o Carro Vassoura está no Facebook e que eu estou no Twitter, não em direto, mas pelo menos antes e depois das etapas com uma pouco refinada seleção de postas de pescada.

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