domingo, 31 de janeiro de 2016

Volta ao Algarve 2016: análise ao percurso e guia onde ver

A duas semanas do arranque, o Carro Vassoura já está sincronizado na Volta ao Algarve e, à semelhança do ano passado, apresenta a análise ao percurso apoiada por (uma espécie de) um guia com locais para acompanhar a prova no terreno.

No percurso de cada etapa, a organização previu os tempos de passagem com três estimativas de média horária. Olhando ao histórico da prova, porque estamos em fevereiro e o terreno é muito mais acidentado do que deixa antever a ideia que o Algarve é todo plano, os ciclistas deverão andar frequentemente próximos da previsão mais lenta, ou até abaixo desta (exceto no contrarrelógio). No entanto, no Carro Vassoura utilizo sempre (em todos os artigos com previsões de tempo) a estimativa mais otimista por parte dos organizadores. Prefiro que esperem no local pelo pelotão atrasado do que se atrasem e percam o pelotão que não espera.

Os percursos detalhados disponibilizados pela organização estão aqui.
As altimetrias e mapas estão no site da prova.

Ainda antes de avançar, chamo a atenção para alguns aspetos e esclarecimentos.
1) O nosso planeamento deve ter em atenção a distância entre a cabeça de corrida e o pelotão. Por vezes, quando se abre um grande fosso, é recomendável não esperar pelo pelotão e partir logo para o local seguinte.

2) A Estrada Nacional 125 está caótica devido a obras, tornando-se preferível utilizar a Via do Infante (A22), mesmo sendo paga.

3) Os dados sobre as subidas são por vezes incoerente. Por exemplo, no ano passado o Malhão tinha oficialmente 2,5 quilómetros e terminava a 565m de altitude. Este ano tem oficialmente 2,9 e termina a 518m de altitude. Posto isto, fica explicado se encontrarem diferentes informações sobre as mesmas subidas.
(editado para acrescentar: 4) o objetivo do guia é que se veja a prova no maior número de lugares possível. Não foi pensado para ver em zonas de abastecimento, contagens de montanha ou em nenhum lugar em específico, mas sim para ver no maior número de locais.)
Por fim, realço também que estas são apenas as minhas sugestões, com base no que conheço. Certamente há quem conheça mais e quem tenha melhores sugestões para o acompanhamento da prova. Nesse caso, como sempre, podem comentar, enviar e-mail, ou fazer como se sentirem mais à vontade.

Introdução

Não é fácil inovar no percurso da Volta ao Algarve. São apenas 16 municípios para cinco partidas e cinco chegadas. Desses 16, de alguns nunca me recordo Volta ao Algarve como partida ou chegada: Alcoutim, Silves, Alcoutim. Outros deixaram de estar presentes por diversa razõ€$: Portimão, Vila Real de Santo António, Olhão. E entre os restantes, há uns que vão estando sempre e outros que vão rodando, uns anos sim, outros não. E para a organização é um misto de magia e ginástica, encontrar um substituto para cada concelho que sai.

Nos últimos anos juntou-se à festa Almodôvar (distrito de Beja) e Monchique e a sua lindíssima serra. Vilamoura entrou e já saiu. Entrou São Brás de Alportel este ano. Vila do Bispo saiu do roteiro mas a partida do contrarrelógio permanece no município, em Sagres. Mesmo que o percurso pareça repetitivo, mesmo que reclamem pela distância do contrarrelógio (uns anos reclamam que é curto, outros reclamam que é longo), não é fácil para a organização inventar partidas e chegadas para cinco etapas numa área tão pequena.

1ª etapa (17/02): Lagos-Albufeira, 163,6 km

Lagos - Albufeira
(Editado a 14/02/2016: A etapa foi alterada para evitar as obras que estão a decorrer na EN 125 entre Vale Paraíso e Boliqueime. Recomendamos que sejam revistos quaisquer planos que pudessem ter feito).

Lagos e Albufeira repetem-se como palcos de partida e chegada da primeira etapa da Volta ao Algarve. No caso de Lagos, este ano a partida será próximo do centro histórico da cidade, levando a caravana e o público a conhecer um pouco mais de uma cidade que merece realmente ser conhecida. Quando à chegada, será na já habitual descida para a Câmara Municipal, onde já venceram Benoît Vaugrenard (2010), Philippe Gilbert (2011), Paul Martens (2013), Sacha Modolo (2014) e Gianni Meersman (2012, 2015). As diferenças entre eles mostram bem quão aberto e imprevisível é este final.

Desta feita os ciclistas andarão mais pelo interior, acrescentando dez quilómetros em relação ao ano passado, passando para 177 163,6. Ainda assim, será a jornada que se espera mais fácil desta edição, sem dificuldades de maior para quem já recuperou o peso do inverno, esperando-se um pelotão muito numeroso na entrada em Albufeira.

No final haverá uma curta mas inclinada subida que termina já dentro do último quilómetros, sendo as últimas centenas de metros em descida e numa curva aberta. A subida, onde Gilbert e Martens lançaram os seus ataques para a vitória, não sendo suficiente para trepadores, é o bastante para desorganizar os lançadores de sprinters, factor que torna o desfecho tão imprevisível.

Onde ver?
  • Lagos: os ciclistas partem por volta das 10h50 e a concentração deverá começar uma hora antes.
  • Bensafrim (11h38) e/ou Odiáxere (12h07): depois da partida pode deslocar-se para qualquer um dos locais. Em ambos há acesso à Via do Infante.
  • Portimão (12h27): poderá sair da Via do Infante na saída de Portimão. Os ciclistas passam na primeira rotunda que encontra quando sai da Via do Infante.
  • São Bartolomeu de Messines ou zona de abastecimento (13h12): saindo da A22 para Silves ou Algoz, pode passar à frente da corrida e chegar a Messines. Os ciclistas passam por fora da vila. Se optar por ver na zona de abastecimento, segue depois para o Purgatório atrás do pelotão e daí desvia para Albufeira (pelas Ferreiras). Se optar por ver antes da zona de abastecimento, pode seguir pelo IC 1 sem problemas para Albufeira. Editado a 14/02/2016: devido às alterações, no percurso, a distância entre a zona de abastecimento e a meta foi reduzida.
  • Albufeira (14h16 e 14h50): Pode ver as duas passagens ou apenas a final.

2ª etapa (18/02): Lagoa-Alto da Fóia, 198,6 km

Lagoa - Alto da Fóia
O Alto da Fóia volta a receber o final de uma etapa da Volta ao Algarve, catorze anos depois da vitória de Alex Zülle, em 2002. Desde então, houve anos em que o ponto mais alto do Algarve foi local de passagem mas distante da meta, depois deixou de fazer parte do percurso, em 2013 a organização recuperou Monchique como local de chegada, e este ano regressa o final no cume da Serra.

E a etapa é duríssima! Mas também pode correr muito mal.

Saindo de Lagoa, os ciclistas vão em direção ao Autódromo Internacional do Algarve, para uma meta volante que desta feita está programada para o exterior do mesmo. Daí o pelotão segue para Vila do Bispo, sobe pela Costa Vicentina para Aljezur e volta para o interior da Serra onde enfrentará um contínuo sobe-e-desce. São duas contagens de terceira categoria, uma de segunda e uma de primeira.

A primeira, para Padescas, tem 4,1 quilómetros a 6,8% de inclinação média. A segunda inicia-se a 33,7 quilómetros da meta e são (oficialmente) cinco quilómetros a 2,7% de inclinação média até ao "Alto da Picota". Oficialmente. Porque na realidade, o Alto da Picota [de Monchique] fica lá mais a cima, por outra estrada, muito mais dura, mais dura que o Malhão ou que a Fóia (pelas vertentes habituais). O Alto da Picota de Monchique é um local de vigilância da floresta e uma estrada que apenas serve para isso e para colocar à prova os mais duros, mas nunca em competição. Em competição o que os ciclistas vão enfrentar são cinco quilómetros irregulares, com rampas duras, outras um pouco menos, depois mais quatro, sempre em estradas muito estreitas e com muitas dificuldades para carros de apoio e ciclistas coabitarem. Entre o quilómetro 165 (quando saem de Monchique pela primeira vez) e o 174 (quando regressam à estrada nacional), serão nove quilómetros muito truculentos, que podem correr muito mal e quem furar aí deve perder qualquer hipótese de recuperar.

Seguem-se a Pomba, com 3,5 km a 8,6% de média, seis quilómetros rápidos até ao centro da vila e finalmente a subida para o Alto da Fóia, com 7,4 quilómetros a 6,5% de inclinação média. Com tudo o que já ficou para trás, as subidas e a distância superior a 190 quilómetros, será uma etapa muito sofrida.

Onde ver?
  • Lagoa: A partida está agendada para as 10h50. Como de costume, as equipas devem começar a chegar uma hora antes.
  • Entrada de Portimão (11h44): Os ciclistas não entram em Portimão. Passam a ponte nova sobre o Arade daí viram em direção a Monchique. Pode vê-los aí e depois seguir em direção a Lagos, para os ver no Autódromo.
  • Autódromo Internacional do Algarve (12h21 e 12h29): os ciclistas darão uma volta por fora do Autódromo. Pode ficar na rotunda anterior e vê-los passar duas vezes, uma em cada sentido.
  • Monchique (15h07): Os ciclistas passam uma primeira vez em Monchique. Há tempo suficiente para ir do AIA até à vila.
  • Alto da Fóia (15h57): Entre a primeira passagem por Monchique e o início para a Fóia haverá cerca de 40 minutos. Não sabemos quanto tempo antes a estrada para o Alto será fechada. Quando chegar à vila, antes de decidir se espera pela primeira passagem ou não, o melhor é informar-se.

3ª etapa (19/02): Sagres-Sagres, 18 km (contrarrelógio individual)


Sagres - Cabo de São Vicente - Sagres
Em 2013 Sagres recebeu o final do contrarrelógio, em 2014 uma passagem do mesmo, e este ano será partida e chegada. Os ciclistas começam com cinco quilómetros técnicos pela vila antes de saírem em direção ao Cabo de São Vicente. São seis quilómetros para ir, outros tantos para vir e terminar na Fortaleza de Sagres.

Quem fez o percurso no ano passado sabe quanto pode custar o vento entre Sagres e o Cabo de São Vicente. A boa notícia este ano é que, se o apanharem de cara, também o apanham de costas.

Onde ver?
  • Sagres (12h30): O primeiro ciclista deverá partir ao meio-dia e meia.
  • Cabo de São Vincente/qualquer lugar: Qualquer lugar é bom. Pode partir de Sagres ao longo do percurso e voltar para trás quando entender.

Nota: se for utilizar o carro no percurso da prova (se as autoridades permitirem), tente seguir sempre atrás de um carro de apoio ou da organização. Se visualizar outro ciclistas a aproximar-se por trás, encoste. Veja a corrida mas não queira fazer parte dela, beneficiar nem prejudicar ninguém.


4ª etapa (20/02): São Brás de Alportel-Tavira, 194 km


São Brás de Alportel - Tavira
A segunda oportunidade para os sprinters, mas depois de uma etapa de montanha e de um contrarrelógio a classificação geral estará muito alterada.

Os ciclistas saem de São Brás de Alportel, ausente destas andanças desde 1999, tem duas contagens de montanha na primeira metade (Picota [de Loulé] e Barranco do Velho) e a partir daí o pelotão deverá ser assumido pelas equipas dos sprinters, interessadas em conquistar o triunfo.

A entrada em Tavira será semelhante ao que os ciclistas estão acostumados, mas a meta estará colocada numa paralela à avenida onde venceu Greipel em 2011 e Ciolek em 2012.

Onde ver?
  • São Brás de Alportel (10h50): Partida à hora habitual, concentração também à hora habitual.
  • Barranco do Velho (12h24): De S.B. Alportel pode seguir sem problemas para ver a passagem na contagem de montanha de Barranco do Velho.
  • Cachopo (13h00): Se antes deixou o carro logo voltado na direção a Cachopo, após a passagem dos primeiros pode arrancar e ultrapassar os ciclistas para vê-los na localidade.
  • Tavira (15h24): Não me parece que mereça a pena grandes confusões em estradas municipais para ver apenas mais uma passagem. De Cachopo pode seguir para a meta sem complicações.

5ª etapa (21/02): Almodôvar-Alto do Malhão, 169 km


Almodôvar - Alto do Malhão
A Volta ao Algarve deste ano termina com a tradicional romaria ao Alto do Malhão, em Loulé, santuário dos adeptos do (bom) ciclismo.

Com partida em Almodôvar, será uma etapa toda ela por um terreno muito irregular, e na parte final com rampas muito inclinadas. Os ciclistas sobem ao Malhão pela primeira vez quando restarem 42,8 quilómetros para o término e a partir daí, parece-me, será a mesma volta de 2015. No percurso detalhado disponibilizado pela organização, a descrição é diferente mas parece-me que no conteúdo é exatamente o mesmo. E no mapa disponibilizado no site da prova são os mesmos quarenta quilómetros finais de 2015.

Assim, os ciclistas terão a subida para Vermelhos, que no ano passado não era contagem de montanha mas este sim (3ª cat). E a contagem que no ano passado era 3ª categoria, este ano deixa de o ser, mas continua no percurso, a 11 quilómetros da meta, com 1 km a mais de 10% de inclinação.

No final, o Alto do Malhão, com os seus 2,5 quilómetros a 10% de inclinação média.

Onde ver?
  • Almodôvar (11h20): Partida um pouco mais tarde que as restantes etapas em linha.
  • Martim Longo (12h43): Este ano os ciclistas não vão dar uma volta em torno da vila como em edições anteriores. Por isso o melhor é sair de Almodôvar na direção Mértola para ir encontrar os ciclistas em Martim Longo, na primeira meta volante do dia.
  • Alto do Malhão (14h39 e 15h43): Em Martim Longo pode voltar para trás (direção a Ameixial ou Dogueno) para subir o Malhão pelo lado Norte, contrário aos ciclistas. Chega a tempo de ver as duas passagens.

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