Com as mudanças para 2018 como
tema, a análise não pode começar por outra equipa que não a UAE-Emirates, a
equipa que mais reforços de peso assegurou, com Fabio Aru, Daniel Martin e Alexander Kristoff
à cabeça.
Depois de vários anos com a empresa Lampre a desinvestir do apoio à sua equipa, a formação de 2016 já pouco tinha a ver com o que havia sido nos seus melhores anos, revelando-se incapaz de substituir Damiano Cunego, Michele Scarponi, Filippo Pozzato e Alessandro Petacchi. Todos eles contratados como figuras de relevo, saíram sem que a equipa fizesse um grande investimento na sua substituição, com a excepção de Rui Costa, o único que chegou à equipa nos últimos anos (2014) já com um estatuto de peso na altura da sua entrada. E, continuando com esse desinvestimento, eram muito fortes os indícios que a Lampre iria desaparecer do World Tour quando, já no final de agosto de 2016, chegou o apoio de um grupo chinês (altura em que até a empresa Merida já tinha abandonado o projeto e migrado para o Bahrain).
Mauro Gianetti, com o seu
histórico de orçamentos exagerados, falava em 30 milhões por ano, o que o
colocaria muito próximo da Sky em termos orçamentais, algo que levanta algumas dúvidas. Um consórcio chinês que ninguém percebia muito bem
chegaria ao ciclismo para promover o que ninguém sabia o que era. E não chegou.
Já estavam em dezembro quando surgiram as primeiras notícias de que tudo estava
atrasado: os ciclistas não tinham equipamentos e os estágios não estavam marcados.
A equipa foi salva em dezembro,
quando as restantes já estavam a trabalhar, com a chegada do apoio de Abu
Dhabi, o emirado que serve de capital aos Emirados Árabes Unidos, mas o
orçamento cairia, segundo o CyclingNews, para algo como 8 ou 9 milhões de euros,
o mais baixo do World Tour. Menos de um terço do prometido mas não havia nada a
fazer, nem para os ciclistas nem para o staff. Ou abdicavam de uma parte do que
tinham acordado e iam para 2017 como ciclistas da Abu Dhabi, ou não abdicavam de
parte… e ficavam sem nada porque as restantes equipas já estavam fechadas.
A verdadeira solução chegou em
fevereiro, com o patrocínio da companhia aérea Emirates, do Dubai, outro dos
sete emirados dos EAU. Aí sim, a equipa poderia finalmente reforçar-se… para
2018. O esboço de projeto TJ-Lampre não pôde reforçar-se porque, quando a
promessa chinesa chegou, os ciclistas melhor cotados já tinham contrato
assinado para 2017 e a sucessora da Lampre limitou-se a ficar com os que ainda
estavam no mercado. Quando a Emirates chegou, já com a temporada iniciada,
também não havia nada a fazer. E a partir de agosto deste ano sim, iríamos ver o poderio
desta equipa, agora de cara lavada e mais distante daquilo que era a Lampre.
Para o mercado 2017-2018 a
UAE-Emirates definiu três reforços prioritários: um sprinter/classicomano, um
homem para o Giro d’Italia e um homem para o Tour de France, sendo que Louis
Meintjes dificilmente entraria nas contas. Meintjes já estava para sair há um
ano quando se perspetivava o final da Lampre e o sul-africano tinha mercado,
mas a equipa continuou e teve que cumprir o seu contrato. Volvido um ano, com
apenas 25 de idade mas já dois top-10 no Tour, o interesse era ainda maior e
Meintjes não estava muito interessado em permanecer numa equipa que, segundo
parece, teve algumas falhas de organização.
Para o primeiro perfil
(sprinter/classicomano) ninguém encaixava melhor do que Alexander Kristoff e o
norueguês não estaria muito contente com a Katusha. E por seu turno a Katusha também não estaria
muito contente com o rendimento do ciclista. Depois de uma renovação que saiu
muito cara, após a vitória na Volta a Flandres 2015 (e em 2014 a Milano-Sanremo
e duas etapas no Tour), Kristoff não voltou a alcançar o seu melhor nível. A
Katusha estaria disposta a renovar com o ciclista mas com uma redução salarial
(importa saber que uma renovação não significa necessariamente um pleno
contentamento da equipa).
Kristoff, que antes do último
Tour protestou publicamente por a Katusha não levar para o apoiar Michael
Morkov, não terá um grande bloco para seu suporte. Para o acompnhar nesta mexida escolheu o
compatriota Sven Erik Bystrom, confiando na evolução do campeão mundial sub-23 de 2014.
Já para voltistas, havia mais opções, mas a equipa árabe terá conseguido duas das melhores: Fabio Aru e Daniel Martin, quinto e sexto do último Tour de France. Tudo indica, com Fabio Aru para liderar no Giro d’Italia e Daniel Martin no Tour.
Já para voltistas, havia mais opções, mas a equipa árabe terá conseguido duas das melhores: Fabio Aru e Daniel Martin, quinto e sexto do último Tour de France. Tudo indica, com Fabio Aru para liderar no Giro d’Italia e Daniel Martin no Tour.
De saída da equipa estão, em
maior destaque, Sacha Modolo, Matej Mohoric e sobretudo Louis Meintjes, oitavo
nos últimos dois Tours, mas a Emirates fica com condições para lutar em todas
as principais provas ao longo da temporada.
Alexander Kristoff será o líder
para as clássicas, de Sanremo a Roubaix, para as Ardenas terá Daniel Martin,
Rui Costa e Diego Ulissi, todos diferentes, o que acaba por ser o ideal para
três provas também elas diferentes onde convém ter várias armas para cobrir
todos os cenários, depois Fabio Aru para o a Volta a Itália, Daniel Martin para
a Volta a França e, previsivelmente, os dois na Volta a Espanha, com várias
opções para dividir pelas provas de uma semana. Questão importante será o apoio
que os líderes terão. Diego Ulissi, um caça-etapas durante toda a carreira, e
Rui Costa, depois de três anos a procurar o top-10 de uma grande volta, terão
agora que dar o apoio que não deram a Louis Meintjes nos últimos dois Tours. E
Darwin Atapuma, ele sim já com um top-10 no Giro, será outro dos importantes
escudeiros para os Alpes e/ou Pirenéus, em maio ou julho.
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